A cena de uma viatura da polícia parada em frente à loja Roberto Celular, na zona norte de Porto Alegre, voltou a se repetir na manhã deste sábado (28). Em pouco mais de 24 horas, criminosos atacaram duas vezes o estabelecimento. No primeiro assalto, uma parede foi derrubada com um carro e os bandidos furtaram vários celulares na madrugada de sexta-feira (27). Na manhã de hoje, a violência foi ainda maior: três bandidos armados e com camisetas da Polícia Civil invadiram a loja e foram direto ao estoque.
O trio chegou ao local por volta das 9h40min, como revelam as imagens de câmeras de segurança. A loja estava aberta há poucos minutos. Os homens desceram de um Honda Civic prata, que estacionou na esquina das avenidas Bernardi com Assis Brasil. Na entrada, renderam o segurança.
Depois, dentro da loja, rendem os clientes e tomam seus celulares. Um ficou na porta, monitorando o lado externo e apontando a arma aos clientes, enquanto dois subiram até o estoque na loja e desceram com dois sacos de lixo cheios de celulares, notebooks e eletrônicos. Segundo uma funcionária que pediu para não ser identificada, os assaltantes ameaçavam quem estava ali.
— Diziam que se a gente se mexesse iam atirar, que era para ficarmos parados, sem se mexer. Foi horrível. Estou em um estado emocional que não consigo explicar — revela.
Os bandidos deixaram a loja minutos depois, voltando até o Honda Civic a pé. Antes, ainda olharam curiosos para os operários que colocavam tijolos na parede destruída no ataque de sexta-feira — quando criminosos jogaram uma caminhonete Pampa contra a loja para cometer o crime. Os pedreiros só identificaram o assalto por causa da gritaria dentro do estabelecimento.
Empresário anotou placa do carro
Um dos sócios da loja, que pediu para não ser identificado, chegava ao local quase no mesmo horário do assalto. Ele percebeu que era um roubo pela movimentação estranha, pegou a placa e ligou para a Brigada Militar. Sua ação não rendeu frutos: os bandidos conseguiram fugir antes da chegada de uma viatura.
Com dois ataques em um curto período, o empresário, que emprega na loja mais de 15 funcionários, diz ter vontade de fechar.
— A gente fica com toda a frustração, muita tristeza, com vontade de largar o negócio. A gente vê que a Assis Brasil está abandonada. A polícia só aparece depois que acontece. A gente precisava da polícia aqui na avenida também — critica, emocionado.
Na mesma Assis Brasil, minutos antes, a loja Planeta Digital foi assaltada de maneira semelhante. Três criminosos invadiram o local por volta das 9h40min e também levaram celulares de clientes e do estabelecimento. A diferença é que usaram uma Ecosport para fugir e não vestiam uniformes policiais.
É muita tristeza, dá vontade de largar o negócio.
SÓCIO DA ROBERTO CELULAR
O sócio da Roberto Celular diz que tinha seguro dos aparelhos, mas a apólice não cobre na totalidade os itens levados pelos bandidos. Somente no ataque da sexta, foram aproximadamente 30 celulares. O empresário ainda não conseguiu contabilizar o prejuízo desta manhã.
— O seguro tem um limite de valor. Dois assaltos, com toda essa quantidade de itens roubados, não irá cobrir tudo. Levaram também GPS e tablet. Fizeram uma limpa geral — lamenta o empresário.