A possibilidade de construção de um presídio em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, divide opiniões na cidade de pouco mais de 139 mil habitantes. De um lado, os favoráveis projetam crescimento da economia local, enquanto os contrários temem fugas de presos e aumento da criminalidade.
A obra é discutida como uma alternativa para resolver o impasse envolvendo o Ginásio da Brigada Militar, em Porto Alegre, parcialmente destruído por um vendaval em outubro do ano passado. Inicialmente, o governo fez leilão do ginásio e do terreno da Escola dos Bombeiros, mas não houve interessados. Em seguida, decidiu-se separar os negócios, começando pelo ginásio, avaliado em R$ 40,5 milhões.
O secretário de Modernização Administrativa e Recursos Humanos (Smarh), Raffaele Di Cameli, explica que o presídio pode ser erguido em um terreno inutilizado do Estado em Sapucaia do Sul. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Nelson Brambila (Solidariedade), a área ficaria no limite com São Leopoldo, próximo do Zoológico, no bairro Carioca.
Entretanto, o vice-prefeito, Arlenio da Silva, ressalta que a área não está definida. Há dois meses, ele esteve reunido com representantes do governo estadual para discutir o interesse da cidade no empreendimento. Segundo Silva, outras cidades da região — como São Leopoldo — também foram consultadas pelo Piratini.
— O governo está sondando alguns lugares. Mas não há nada de concreto —salienta Silva.
O vice-prefeito observa que, durante o governo de Tarso Genro (PT), a prefeitura também foi procurada, mas naquela época não havia áreas disponíveis. Agora, segundo Silva, há terrenos do estado disponíveis na cidade.
"Movimenta toda uma cidade"
O vice-prefeito se manifesta favorável à instalação do presídio na cidade. Para ele, o estabelecimento prisional pode "alavancar" a economia local em dois momentos distintos: durante a obra, com a vinda de operários e engenheiros, e depois de concluída, com a chegada de agentes penitenciários para cidade.
— Movimenta toda uma economia da cidade. O ramo imobiliário é um deles — salienta.
Silva entende que a construção da cadeia pode trazer mais segurança para o município, devido à presença de mais agentes penitenciários. Mesma opinião tem o presidente da Câmara de Vereadores, que não acredita em aumento da violência na cidade.
— Em Charqueadas, tu não vê violência. Acho que o presídio provocaria um aumento de empregos na cidade.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapucaia do Sul (ACIS), Douglas Luis Santin, também é defensor da instalação do presídio da cidade.
— Os municípios não podem se furtar dessa responsabilidade que hoje é um problema social. Não adianta nós querermos que os delinquentes sejam presos, mas longe das nossas cidades.
Porém, Santin pondera que, como contrapartida, o estado deveria melhorar a estrutura da Brigada Militar, que funciona em dois prédios alugados.
— Os dois locais são alugados e nenhum deles tem infraestrutura para que eles possam executar o seu trabalho. Esse é um dos condicionantes que nós temos, nós somos favoráveis a implantação do presídio.
Voz contrária à instalação, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Mauro Martinho Sauthier, teme o risco de fuga de presos. Para o dirigente, o estado não tem recursos suficientes para manter a segurança desses estabelecimentos.
— Se fosse um presídio federal, eu seria favorável porque viria para ajudar.
Contraponto
Procurada nesta quarta-feira, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) reforçou que a construção do presídio em Sapucaia do Sul é uma possibilidade ainda estudada.