A Polícia Civil busca imagens que levem à identificação dos criminosos que renderam o padre José Mussoi, 59 anos, e assaltaram a Paróquia Jesus Bom Pastor, no bairro Santo Antônio, em Farroupilha, na Serra. O crime ocorreu no início da noite de quinta-feira (28), quando o pároco se preparava para seguir para Caxias do Sul, onde passaria a noite no hospital com a mãe, internada há um mês e meio.
Neste primeiro momento, o delegado Rodrigo Veiga Morale não percebe semelhanças com crimes recentes ocorridos no município. Fotografias de assaltantes conhecidos e investigados serão comparadas com as informações deste assalto.
— Não vejo relação com nenhum outro crime. Foi feita a perícia na casa paroquial nesta manhã e estamos buscando imagens da redondeza para identificar suspeitos. Assaltos, infelizmente, acontecem em todos os bairros, mas nada muito semelhante — avalia.
Na manhã desta sexta-feira (29), o padre Mussoi aceitou conversar com a reportagem de GaúchaZH. Confira:
GaúchaZH: Foi a primeira vez que o senhor e a casa paroquial foram assaltados?
Padre José Mussoi: Sim, a primeira vez. Muitas imagens ficam na cabeça da gente. Eram umas 18h30min, quando a secretária, que é uma catequista esposa do nosso vizinho, saiu e eu me organizei para ir para um hospital de Caxias do Sul, onde minha mãe está baixada. Quando liguei meu Fusca e abri a garagem, entraram esses três homens armados. Me levaram para dentro e me amarraram. Eu estava sozinho.
O que eles levaram?
Levaram o up! vermelho que é da paróquia, que estava estacionado ao lado da garagem. Eles diziam que era um carro novo, não quiseram meu Fusca. Antes, claro, reviravam tudo dentro da casa e levaram as ofertas que estavam ali. Sabe que dinheiro se aguarda no banco, né? Não se deixa em casa. Então, era um dinheirinho para circular e as ofertas do dia a dia.
Os bandidos eram violentos?
Me ameaçaram de morte e me taparam a boca, mas eu tentava manter um diálogo, conversar com eles. Durou cerca de meia hora. Não me machucaram. Era muita ameaça de arma, mas não machucaram. Queriam dinheiro e insistiam muito. Mas eu não tinha esse dinheiro que eles pensavam. Daí começaram a vasculhar toda a casa e levaram roupas, botijão de gás, datashow, computador e outras coisas que poderiam... sei lá o que fazer.
Qual foi o prejuízo?
Não entraram na igreja, apenas na casa paroquial. O valor levado foi pequeno. Umas ofertas e o dinheiro que tinha no bolso, além do meu celular, né? Limparam a nossa comunicação praticamente. Mas o que mais marca é o drama psicológico e emocional. Você ficar com duas armas apontada o tempo inteiro, sendo ameaçado e sem conseguir se defender. Mas tem que ficar quieto, né? Não dá para reagir e nem deve. Mas é muito difícil, muito duro. Depois de meia hora, quando foram embora, eu consegui me desamarrar, nem sei como, e chamar a BM.