A prisão de Luís Fernando da Silva Soares Júnior, 38 anos, conhecido como Júnior Perneta ou Museo (sim, com "o" no final), em tese, representa mais um duro golpe nas facções criminosas no Rio Grande do Sul. Agora, resta, nas ruas, apenas um dos líderes máximos dos grupos organizados para o varejo das drogas em solo gaúcho.
Nos demais, os primeiros e segundo escalões estão encarcerados. Muitos destes em prisões federais, nas quais é aplicado o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) que, se não impede totalmente, dificulta muito a comunicação do apenado com o mundo externo, privando-o do exercício do comando do crime.
O grupo do qual, segundo a polícia, Museo é líder, responde por expressivaquantidade de homicídios, especialmente na Região Metropolitana onde, numericamente, é hegemônico. Com sua prisão, as autoridades da segurança pública acreditam em novas quedas na incidência deste tipo de crime.
Para tanto, levam em conta o isolamento de outros 25 líderes, transferidos de prisões do Estado para federais em 2017, um dos fatores apontado por elas como explicação para a redução de 34% nos homicídios na Grande Porto Alegre, nos três primeiros meses de 2018, comparados ao mesmo período do ano passado.
Mas, no complexo esquema do tráfico de drogas, Museo e os demais líderes são apenas intermediários. São os que atuam na ponta do varejo. Acima, há os grande atacadistas, que quase nunca aparecem, e que abastecem os mercados varejistas. Além disso, o sistema prisional, berço da maioria das facções criminosas (a liderada por Museo excepcionalmente surgiu nas ruas), segue problemático.
No Presídio Central, que tem a maior população de detentos do Estado, as maiores galerias continuam superlotadas e nas mãos das facções. Se essa e outras prisões não forem adequadas para que atendam a suas finalidades, que vão além do encarceramento, se o Estado não se fizer presente neste e em outros espaços, como nas periferias das cidades (não apenas com policiamento), e se os atacadistas continuarem abastecendo o varejo, seguirão existindo condições ideais para o surgimento de novas lideranças.