Um homem de 41 anos e uma mulher de 40, condenados em 2015 por estuprar os cinco filhos, foram presos na última terça-feira pela Polícia Civil catarinense em Foz do Iguaçu, no Paraná. Eles foram encontrados pelos policiais em uma igreja, onde o homem chegou a proferir uma das pregações do dia. Os dois foram encaminhados à viatura policial no fim do culto.
Os crimes foram denunciados em 2009. O casal morava com os filhos em Chapecó quando uma das filhas denunciou os atos para sua professora. A vítima contou que ela e os demais irmãos — duas meninas e dois meninos — eram abusados sexualmente pelos pais. A professora levou o caso ao Conselho Tutelar, que acionou a Polícia Civil. Os pais foram processados e ouvidos pelo Judiciário, mas deixaram a cidade antes da sentença.
— O pai despia as crianças e as colocava em fila numa forma de ritual. A mãe ficava do lado e era conivente com a situação — explica o delegado Elder Arruda Chaves, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami) de Chapecó.
Durante o processo judicial, os pais perderam a guarda de três das cinco crianças. Elas foram encaminhadas a um centro de adoção na cidade. Os outros dois filhos — que hoje são um adulto e uma adolescente — ficaram com os pais na época e foram com eles para Foz do Iguaçu.
O pai foi condenado pelo crime de estupro e deve cumprir 22 anos e seis meses em regime fechado. A mãe também foi sentenciada por estupro, mas com a tipificação de omissão — pois poderia ter evitado o crime —, e tem pena de 16 anos e oito meses de prisão. Ambos tiveram as sentenças aumentadas porque o crime foi contra seus descendentes.
A Polícia Civil encaminhou os condenados para a Central de Plantão Policial de Chapecó, com o objetivo de realizar os trâmites legais. Ainda nesta quarta-feira (4), devem ser levados para o Presídio Regional da cidade.
Prisão após três anos de investigação
A Justiça de Chapecó expediu mandado de prisão contra a dupla logo após a condenação, em 2015. Desde lá, a Polícia Civil passou praticamente três anos em busca de pistas para localizar o casal, que estava foragido. O principal problema, segundo o delegado do caso, era a ausência de um sistema que integrasse as informações da Polícia Civil catarinense com as de outros Estados, como o Paraná.
— Não haver sistema integrado dificultou as investigações, já que não temos acesso a informações como registros de CNH de outros Estados. Realizamos diversas diligências nesse período para tentar localizar o casal, que estava em local incerto. Tivemos, há duas semanas, a informação de que eles poderiam estar em Foz do Iguaçu. Nesse período, reforçamos as investigações e listamos possíveis endereços, chegando à localização dos presos com sucesso por volta das 21h desta terça-feira.
* O nome dos pais não foi divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), já que essa informação poderia expor e constranger as crianças envolvidas.