Após prender integrantes de uma quadrilha na manhã desta quinta-feira (15), a Polícia Civil divulgou áudios e fotos do grupo responsável por tráfico de drogas aéreo e terrestre entre cinco Estados, incluindo o Rio Grande do Sul.
O material, publicado em redes sociais ou apreendido em celulares de 58 investigados, comprova o uso de armamento pesado e as rotas usadas pelos criminosos para distribuir entorpecentes, além de como os suspeitos transportavam drogas sintéticas em voos domésticos.
Uma operação com 350 policiais civis, batizada de Ajax, cumpriu 89 mandados de prisão e de busca em oito cidades gaúchas nesta quinta. Além de estar envolvida em homicídios e de ameaçar policiais, a quadrilha obrigava moradores de Nova Santa Rita a auxiliar na venda de entorpecentes. Quem se negava, era executado.
Investigação
Ao todo, 58 pessoas são investigadas por envolvimento com o tráfico de drogas. O grupo era supostamente liderado por Klaiton Ferreira da Rosa (na foto abaixo está de rosa, entre dois comparsas foragidos) e pelo irmão dele, Vagner Ferreira da Rosa, morto em 2016 em uma emboscada na cidade de Imbé, no Litoral Norte. Klaiton foi preso durante a investigação e os outros dois que estão na foto com ele seguem foragidos.
Escute os áudios:
Uma das células coordenava o tráfico de drogas sintéticas realizado via transporte aéreo. Eram mais de 10 voos domésticos por mês.
— Na real não tem Raio X, só em voo internacional — diz um dos traficantes.
Por via terrestre, principalmente de ônibus ente Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, os traficantes transportavam vários tipos de drogas. Neste caso, um carro acompanhava o coletivo durante todo o trajeto. Em outro áudio eles falam sobre venda de lança-perfume via rodoviária de Florianópolis:
A segunda célula era responsável por distribuir cocaína, crack e maconha. Esta parte do grupo tinha como base Canoas e Nova Santa Rita, onde traficantes foram presos nesta quinta-feira, mas com ramificações em Torres. Em áudio, integrantes do grupo falam sobre valores das "encomendas":
As cidades de Pelotas, São José do Norte e Guaporé são locais suspeitos que provavelmente servem de esconderijo para os executores da organização criminosa, conforme a polícia. Esses locais serviam de abrigo após os suspeitos realizam ataques a grupos rivais.
Em uma última conversa entre os traficantes identificados, eles fazem alertas sobre possível investigação policial:
Outras cidades
Foram cumpridas 89 ordens judiciais na Operação Ajax, sendo 51 mandados de busca e 38 mandados de prisão temporária. As ações ocorreram em Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita, Cachoeirinha, Torres, São José do Norte, Pelotas e Guaporé. Em Torres, ficavam os responsáveis por agilizar a entrada de drogas no Estado via terrestre. Guaporé, São José do Norte e Pelotas eram usadas como esconderijos após ataques a grupos rivais ou para fugir de policiais da Região Metropolitana.
Fotos nas redes sociais
As fotos, publicadas em redes sociais, mostram integrantes da quadrilha ostentando várias armas, inclusive fuzil e submetralhadoras. O grupo está ligado a 15 homicídios e tentativas de homicídio nos últimos dois anos e meio, período de investigação do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), em Canoas e Nova Santa Rita.
— É presente a agressividade dos traficantes em algumas ações, bem como a capacidade de abrangência da organização criminosa — revela o delegado Thiago Lacerda, responsável pela investigação.
O grupo desarticulado nesta quinta domina o tráfico em Nova Santa Rita e em parte de Canoas, como no bairro Mathias Velho. Além disso, era abastecido com drogas que entravam no Brasil via Foz do Iguaçu, no Paraná.