Uma operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (15) pela Polícia Civil para combater o tráfico de drogas entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Considerada organizada e violenta, a quadrilha era investigada há dois anos e meio por realizar dois tipos de tráfico de drogas entre as regiões: aéreo, usando mais de 10 voos domésticos por mês, e rodoviário, principalmente, por ônibus.
Mais de 50 suspeitos foram identificados e os criminosos teriam envolvimento em 15 homicídios e tentativas de homicídio desde 2015 em Canoas e Nova Santa Rita. Até o momento, foram presos 38 envolvidos: 16 deles ao longo das investigações e 22 nesta quinta-feira.
Sob a coordenação do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), cerca de 350 policiais civis, com apoio de cães e de helicóptero, cumprem 89 mandados de prisão e de busca e apreensão em oito cidades. No Rio Grande do Sul, as ações ocorreram na Capital, em Canoas, Nova Santa Rita, Cachoeirinha, Torres, São José do Norte, Pelotas e Guaporé.
O diretor de Investigações do Denarc, delegado Mario Souza, destaca que o trabalho envolveu vários tipos de apuração e de tecnologia para comprovar o esquema criminoso. O grupo traficava vários tipos de entorpecentes, mas, principalmente, drogas sintéticas — o que deu origem ao nome da operação, Ajax.
A polícia obteve inclusive áudios e fotos, após apreensão de celulares de suspeitos, que serviram como indicadores da atuação e das rotas do grupo desarticulado nesta manhã.
Transporte aéreo
O delegado Thiago Lacerda, da 2ª Delegacia do Denarc, responsável pela investigação, revela que a investigação começou em 2015 quando agentes do departamento apreenderam droga sintética na Capital. O que parecia ser mais um trabalho corriqueiro, acabou se revelando um grande esquema nacional de tráfico de drogas.
Quando o transporte era aéreo, a quadrilha usava voos domésticos e realizava mais de 10 voos comerciais por mês entre os cinco Estados.
— Eles falavam entre si que neste tipo de voo, voo nacional, não tinha Raio X que detectasse o carregamento de drogas junto ao corpo. Eles diziam que o problema seria se fossem voos internacionais — diz Lacerda.
O Denarc comprovou que a rota aérea era usada principalmente para o transporte de drogas sintéticas de alta qualidade, como por exemplo ecstasy, LSD e Special K (mistura de cocaína com ketamina). Em cada voo, os criminosos transportavam até 2 mil unidades de entorpecentes.
Transporte rodoviário
Outra forma de distribuição era via transporte rodoviário. O principal objetivo era levar entorpecentes de um Estado a outro, principalmente, maconha, cocaína e crack, usando ônibus e carros. No entanto, para evitar alguma ação policial motivada por denúncia ou por meio de barreiras, eram realizadas duas viagens ao mesmo tempo.
Enquanto um integrante do grupo levava consigo, junto ao corpo, drogas em coletivos, outros utilizavam carros para fazer o mesmo trajeto no mesmo horário. Só que estes viajavam com o veículo vazio. Os traficantes se alternavam durante o caminho para despistar as autoridades ou evitar possíveis golpes de rivais.
Violência
Além da ousadia de transportar drogas sintéticas entre cinco Estados em aviões, o grupo também era conhecido por agir de forma violenta no confronto com rivais, promover acerto de contas entre integrantes do próprio bando ou com policiais.
O Denarc apurou que 58 traficantes estão envolvidos em 15 homicídios e tentativas nos últimos dois anos e meio em Canoas, no bairro Mathias Velho, e em Nova Santa Rita. Em muitos casos foram mortes violentas, com ações gravadas em vídeo.
Também foi comprovado que havia ameaças a policiais gaúchos. Em um dos casos foi registrada ocorrência policial.