No próximo domingo, o caso das crianças encontradas esquartejadas no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo, completará seis meses. A investigação tumultuada, principalmente pelo fato de que o delegado substituto, Moacir Fermino, dizer que teve uma revelação divina sobre suposto ritual satânico, voltou ao início em fevereiro deste ano.
Sem testemunhas, imagens, suspeitos e até sem identificação das vítimas, a Polícia Civil está pedindo na próxima semana à Justiça mais prazo para apurar os fatos. Uma das medidas adotadas desde a última segunda-feira (26) foi procurar na rede de ensino pública da Região Metropolitana crianças que não estão indo às aulas.
O delegado Rogério Baggio, da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, informou que deveria concluir o inquérito em março, mas solicitará a partir da próxima semana mais prazo e não descarta até tempo indeterminado para resolver o caso.
Relembre o caso
Nos dias 4 e 18 de setembro do ano passado foram encontradas partes dos corpos dentro de sacos e de caixas de papelão às margens de uma estrada vicinal, próximo a um matagal. As vítimas, um menino e uma menina, têm entre oito e 12 anos de idade e uma delas foi alcoolizada antes de ser morta.
Uma das linhas de investigação segue sendo a possibilidade delas terem sido sacrificadas em um ritual satânico, no entanto, foi descartada a participação das sete pessoas investigadas desde o final de 2017. Cinco foram presas, mas foram liberadas em fevereiro.
Baggio entrou em férias e Fermino assumiu o caso. O delegado substituto concluiu que houve ritual, mas não apresentou provas técnicas e foi afastado do caso. Um novo inquérito, inclusive com uma pessoa presa, foi instaurado sobre falso testemunho.
Linhas de investigação
A possibilidade de um ritual satânico segue sendo analisada, mas não é a principal linha de investigação. A polícia apura casos envolvendo o tráfico de drogas e outros tipos de crimes.
— No momento, não posso dar mais detalhes para não prejudicar o nosso trabalho. Não descarto nenhuma linha investigativa e afirmo que não voltamos à estaca zero. Nós voltamos ao ponto em que paramos antes do anúncio de que houve um ritual — destaca Baggio.
A equipe da Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo trabalha neste caso com prioridade, até por que é considerado fato gravíssimo e envolve crianças. As principais medidas adotadas nos últimos dias foram novos ofícios a autoridades de outros Estados sobre informações, como digitais e DNA, de crianças desaparecidas.
Algumas respostas já começaram a chegar e o trabalho deve confrontar os dados colhidos até agora dos corpos.
Além disso, escolas, principalmente da rede pública estadual, receberam ofícios da polícia para informar dados de alunos que não estão indo às aulas. Mesmo que os crimes tenham ocorrido em 2017, essa é uma nova tentativa dos agentes para identificar as vítimas.
Baggio ainda pede ajuda à população para que repasse qualquer tipo de informação sobre o caso. Contatos podem ser feitos pelo site da Polícia Civil, pelo telefone 197 e pelo WhatsApp (51) 98418- 7814.