A atuação da Força Nacional nos Estados divide opiniões de especialistas em segurança consultados por GaúchaZH. Para o sociólogo Arthur Trindade, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, o gasto de R$ 24 milhões para a permanência da Força Nacional na Capital é considerado alto e pouco efetivo para reduzir a violência.
— É um valor altíssimo. E qual é a efetividade? É muito baixa — entende Trindade, que é integrante do Fórum Nacional de Segurança Pública.
Uma das razões para a baixa efetividade, segundo o professor, estaria no contingente reduzido de agentes, frente às necessidades reais. O reforço, afirma, deveria ser empregado em situações específicas, como greves e rebeliões.
Trindade explica que os servidores que participam da Força Nacional recebem diárias, que giram em torno de R$ 7 mil ao mês, além de salários. A situação é diferente de uma cedência comum, quando as remunerações são assumidas pelo órgão de origem.
O sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) José Vicente Tavares dos Santos é contrário à presença da Força Nacional em Porto Alegre:
— É desnecessária. A Brigada Militar e a Polícia Civil têm capacidade técnica para realizar as funções exigidas. Acho que é apenas elemento de propaganda.
O pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio Ignácio Cano é favorável à atuação da Força Nacional:
— Foi uma boa ideia que permitiu que o governo federal agisse frente à crise da segurança e não recorresse ao Exército. É um valor elevado (os R$ 24 milhões), mas, em comparação com uma intervenção do Exército, seria maior ainda. A Força é necessária para o país.
Por outro lado, o pesquisador critica a forma com que o contingente é empregado, com ênfase no patrulhamento frente à investigação.
— A atuação na investigação é mais efetiva — observa Cano.
No final de agosto de 2016, Porto Alegre recebeu mais de cem agentes para reforçar o policiamento. Três meses depois, chegaram à Capital 37 agentes - 27 policiais civis e 10 peritos - para atuar em investigações de homicídios.
Cano salienta ainda que, em muitas situações, o contingente acabou ficando nas cidades, mesmo após as situações de insegurança terem cessado.
— A emergência virou rotina.