Conhecida pela polícia como "viúva negra" de Canoas, Elisângela Rius vai a júri nesta terça-feira (27). Ela é acusada de matar o marido, Patrick Moraes Marques, 27 anos, e o filho, Eduardo William Rius Mebius, 16 anos, em um intervalo de dois meses, em 2013.
A sessão ocorre às 9h30 na sala do Tribunal do Júri do Foro de Canoas e será presidida pela juíza Betina Mostardeiro Mühle de Constantino. O júri é aberto ao público.
Presa há quase dois anos, a mulher está hoje no Presídio Madre Pelletier. O codinome "viúva negra" surgiu devido a mudança no visual, ocorrida antes de ser presa. Estava com os cabelos curtos e tingidos, e usava uma peruca loira. Além disso, vivia como se fosse uma clandestina, só saindo de casa às escondidas.
O advogado dela, Francisco José Rodrigues Alves, acredita que não há "provas concretas" que indiquem a participação dela nas duas mortes.
— O filho tinha envolvimento com o tráfico de drogas e o marido saiu para jogar futebol e nunca mais foi visto. A Elisângela desde o início alega inocência — observa o advogado.
Nesta segunda-feira (26), Alves salientou que ré está "tranquila" e "esperançosa" em relação ao júri.
GaúchaZH também procurou a promotora Denise Sassen Girardi de Castro. Por meio da assessoria do Ministério Público, disse que as provas são contundentes:
— O Ministério público tem convicção da responsabilidade de Elisângela.
Relembre o caso
No final de julho de 2013, Patrick foi encontrado morto, com o corpo carbonizado, em Cachoeirinha, próximo ao limite com Canoas. A perícia constatou que ele havia sido morto a machadadas e teve o corpo jogado naquele local. No começo de outubro daquele ano, Eduardo foi encontrado morto em circunstâncias semelhantes, com o corpo abandonado em Triunfo.
Nos dois casos, Elisângela registrou desaparecimentos dias depois dos sumiços. Exames periciais demonstraram sinais de envenenamento por medicação nas duas vítimas. A suspeita da polícia é de que ela teria cometido o primeiro crime por interesse financeiro. Depois, teria matado o filho para garantir sua impunidade.
Em depoimento, Elisângela negou a autoria dos fatos.
Em 29 de março de 2016, Elisângela Rius foi presa após ter a prisão temporária decretada pela Justiça. A polícia chegou até a mulher a partir de uma denúncia da mãe dela, que alegava que vinha sendo ameaçada pela filha e temia por sua vida.
A própria mãe havia feito ocorrência na polícia de desaparecimento de Elisângela meses depois dos crimes.
— Ela também ajudou a acobertar o crime com uma falsa ocorrência policial — salientou o delegado Pablo Rocha, responsável pela investigação na época.