Foi com uma oração conjunta que dezenas de amigos e familiares se despediram da dona de casa Mariza Iracema Cassol Jaques, 54 anos, no final da manhã deste domingo (10), no Cemitério São Jerônimo, em Alvorada. Ela foi vítima de um disparo em meio ao tiroteio que aconteceu no hipermercado BIG, na cidade, enquanto criminosos roubavam uma joalheria na manhã de sábado (9).
— Minha mãe morreu fazendo o que mais gostava, que era ajudar as pessoas. Nos últimos 20 anos, a vida dela foi dedicada a essa causa. Cuidava o meu irmão, que tem necessidades especiais, e era uma dedicada voluntária na sociedade espírita, sempre apoiando quem precisava. Hoje, essas pessoas vieram também agradecer a ela — diz o filho, Lauro Cassol Jaques, 40 anos.
A dona de casa arrecadava alimentos e donativos para famílias carentes na entrada do hipermercado quando aconteceu o confronto. Militar da Marinha, o filho mora em Rio Grande, no sul do Estado, e soube da tragédia pela ligação de um irmão.
— Geralmente quem me ligava era ela. Mas quando atendi, e ele começou a chorar, senti que algo de ruim tinha acontecido — lembra.
Mariza deixou quatro filhos e três netos. Além de centenas de admiradores que, antes do sepultamento, a velaram na Sociedade Espírita Simão Pedro, onde ela era voluntária.
— Ela tinha uma luz, sempre com uma palavra para consolar as pessoas. Desde que perdi meu filho três meses atrás, era ela quem me apoiava e não me deixava cair. Todos os dias me mandava uma mensagem positiva — conta a amiga Marisol Coutinho, 48 anos.
Investigação
A suspeita da polícia é de que o disparo que matou Mariza partiu de um dos cinco assaltantes, mas teria havido reação de pelo menos um vigilante no lado de fora do hipermercado. De acordo com o delegado Edimar Machado, da Delegacia de Homicídios de Alvorada, as câmeras de monitoramento do estabelecimento serão analisadas para determinar as circunstâncias do crime.
A Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), também auxilia nas apurações. Há suspeita de que o bando seja o mesmo que, no domingo passado, assaltou o Bourbon Assis Brasil, na zona norte de Porto Alegre. Imagens daquele crime serão confrontadas com as de sábado.