A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Brigada Militar negaram, nesta sexta-feira (3), a presença de detentos ligados a facções na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 2. Responsável pelo complexo penitenciário, a juíza Patrícia Fraga Martins havia informado na quinta-feira (2) que alguns presos com possíveis ligações com grupos criminosos tinham passado pela triagem realizada antes da ocupação do módulo. No domingo, dia 29, policiais militares assumiram de forma temporária, em uma força-tarefa, a penitenciária para permitir a retirada de presos que estavam sendo mantidos nas delegacias da Região Metropolitana, por conta da falta de vagas.
O diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal da Susepe, Ângelo Carneiro, garante que a triagem foi feita de forma adequada e ocorreu nos mesmos moldes da ocupação da Penitenciária Estadual de Canoas 1, que já está em funcionamento desde o ano passado. Ele disse ainda que se forem informados oficialmente da presença de membros de facções imediatamente haverá a remoção de presos do local.
— A triagem ocorreu de forma bem rigorosa. Estamos monitorando os presos que vão para lá. Se algum não se adaptar ao perfil exigido, ele será identificado e nós o removeremos para outra casa prisional — destacou.
As vagas estão sendo ocupadas por suspeitos de crimes que estavam em outras casas prisionais e delegacias. Conforme o governo do Estado, o perfil na Pecan 2 é para presos não reincidentes e não ligados a facções criminosas. Devido à falta de agentes penitenciários formados, policiais militares estão realizando atividades prisionais.
A juíza criticou o fato de a triagem ter sido agilizada para que fosse possível a abertura do módulo. Ela afirma que é comum presos sem relevância conhecida dentro dos grupos criminosos só assumirem que integram uma facção quando houver um maior número de membros dentro da penitenciária.
— A triagem foi muito rápida porque o governo precisava dessas vagas. Agora vai ser necessária uma observação dentro da cadeia. Isso demanda trabalho e tempo. Mas é preciso fazer ou daqui a pouco a gente não tem mais o controle. Então teremos um novo Central. Esse ciclo tem de acabar — afirma a magistrada.
O tenente-coronel Marcelo Gayer Barboza, que comanda os PMs da força-tarefa, também nega que tenham sido identificados membros de facções. Segundo o oficial, isso vem sendo evitado por conta da triagem. Ele reconhece, no entanto, que eventualmente pode ocorrer o ingresso de presos que não tenham histórico de ligação com facção.
— O que pode acontecer é escapar um ou outro dessa triagem, por não ter registro de articulação com facção, mas até agora não detectamos isso.
Na próxima segunda-feira (6), a Susepe promete se reunir com a juíza para tratar do tema. O diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal garantiu que todos os presos do local passaram por algum tipo de seleção, sejam os detentos que estavam em outras casas prisionais, ou os que estavam em casas de triagem.
Sobre o risco do complexo de Canoas se tornar um novo Presídio Central, com a presença de facções e a necessidade de apoio da Brigada Militar, Carneiro rechaça essa hipótese.
— Foi um pedido do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, que a gente tenha um cuidado na triagem desses presos. O primeiro requisito é não haver presos faccionados — finalizou.