A prisão de Flávio Daniel Santos da Rosa, o Mano Chinelo, 30 anos, em uma ação da 3ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre (3ª DHPP) na Praia de Ingleses, em Florianópolis, pode levar à solução pelo menos nove casos de assassinatos ocorridos na zona norte da Capital nos últimos dois anos. Um dos casos mais emblemáticos e que, de acordo com a polícia, escancarou o perfil violento do criminoso com atuação no bairro Sarandi aconteceu em abril de 2015, dentro de um ônibus na Avenida Farrapos, em pleno horário de pico, no final da tarde.
— O Mano Chinelo foi reconhecido como atirador naquela ocasião. Era um momento em que ele estava em ascensão dentro do grupo criminoso em que atua. Uma série de assassinatos deram status a ele, que atualmente está entre os líderes da facção na zona norte da cidade — explica o delegado Cassiano Cabral.
Reconhecido pela execução de Gérson Renato Dias Fernandes, 38 anos, que era foragido, Santos teve a prisão preventiva decretada em junho de 2015. Conforme apurou a polícia, a prisão foi aceita pela Justiça semana depois de ele ter executado outro homem no bairro Sarandi. Ao todo, conforme o delegado Cassiano Cabral, o criminoso é suspeito por nove assassinatos em dois anos. Conforme o levantamento de GaúchaZH, desde o início de 2015, foram registrados 116 assassinatos no bairro Sarandi. Boa parte, acredita a polícia, resultado da expansão da facção liderada por Mano Chinelo.
— Nos primeiros crimes, ele foi o executor. Depois de assumir o controle da facção no bairro Sarandi, passou a coordenar os crimes — aponta o delegado.
É o que indica a investigação da chacina ocorrida em julho deste ano, com as mortes de quatro homens, na Vila Brasília, no bairro Sarandi. A 3ª DHPP também já teria identificado o principal atirador neste crime. À essa altura, afirma o delegado, Santos já havia se estabelecido em uma casa em Florianópolis, comprada em nome de um dos irmãos.
De acordo com o delegado, Santos já estaria morando em Santa Catarina há pelo menos um ano, mas não havia quebrado os vínculos com o seu grupo criminoso. A chacina de julho, por exemplo, ocorreu dias depois da prisão de Alexandre da Silva Souza, o Xandão, apontado pelos investigadores como o único rival da facção criminosa pelo controle do tráfico em todas as vilas do bairro Sarandi.
— Apuramos que este foi um ataque orquestrado pela facção criminosa, com executores vindos dos bairros Mario Quintana e Bom Jesus. Em outra ocasião, executores do bairro Sarandi atuaram em assassinatos no Loteamento Timbaúva, onde estão os rivais deste grupo criminoso — afirma Cassiano Cabral.
Além das investigações por homicídios, Flávio Daniel da Rosa tem condenação por tráfico e também estava foragido por este crime. Agora a polícia pretende investigar as relações entre ele e outras lideranças da facção. Um inquérito por lavagem de dinheiro também será aberto para apurar também a possível atuação dele a partir de Santa Catarina.