Agentes da Polícia Federal (PF) realizaram na manhã desta quinta-feira (5) ações em Porto Alegre e em Viamão para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro na Região Metropolitana. Uma organização criminosa é investigada por criar empresas de fachada com atuação no mercado imobiliário para realizar operações de câmbio entre a República Tcheca e o Brasil. Os policiais federais prenderam três tchecos e um brasileiro, além disso conduziram coercitivamente mais duas pessoas.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, dois de condução coercitiva e cinco de busca e apreensão. Também houve o sequestro de imóveis e de valores em contas correntes, bem como a apreensão de veículos. A PF ainda registrou na Interpol um mandado de prisão de um sétimo investigado que estaria na Europa. De 2011 a 2016, foram transferidos para o Brasil aproximadamente R$ 4 milhões de forma oficial. No entanto, a movimentação de créditos suspeitos supera R$ 20 milhões no mesmo período.
- A organização criminosa da Europa se utilizava de vias legais para remeter dinheiro ao Brasil, mas não comprovava a origem. Além disso, as empresas, digamos assim, beneficiadas, não declaravam o destino dado a esses valores. Empresas que tinham aumento de capital e que não comprovavam as atividades realizadas. Algumas informavam que estavam até inativas - ressalta o delegado Eduardo Bollis, responsável pela investigação.
A investigação ocorre desde outubro do ano passado. Além de negócios imobiliários, as empresas, todas com os mesmos sócios investigados, também começaram a aturar como incorporações, participações financeiras e ainda em negócios com softwares.
Lavagem de dinheiro
Segundo a PF, foram identificadas remessas de valores feitas por um cidadão da República Tcheca ao Brasil. Este homem, que tem vários antecedentes criminais no leste europeu, enviava dinheiro sempre para as mesmas cinco empresas de fachada. Todas elas não têm funcionários, não declaram qualquer tipo de receita e ficam no mesmo endereço, no Centro de Porto Alegre. Hoje, no local, foram apreendidos documentos e computadores, além disso, uma pessoa que estava no escritório imobiliário foi conduzida para depor na PF.
A Operação foi denominada Multifake, pois um dos principais investigados usou, pelo menos, quatro nomes, sendo três identidades falsas de brasileiros. Um dos nomes começou a ser usado pelo investigado há mais de 20 anos. Na Europa, ele já cumpriu pena e foi extraditado da Croácia para a República Tcheca. Os crimes apontados são organização criminosa, lavagem de dinheiro, uso de documento falso, falsidade ideológica e prestação de informações falsas para realização de contratos de câmbio.
A investigação continua, após as prisões e depoimentos, para também apurar quem são as pessoas que negociaram imóveis ligados às empresas. Todo o material apreendido será periciado e se espera ainda uma cooperação jurídica internacional com as autoridades da República Tcheca. Um outro objetivo é saber que tipo de crime era cometido pela organização criminosa no leste europeu que teve como consequência a lavagem de dinheiro no Rio Grande do Sul.