Um detalhe no assassinato da professora Elaine Maria Tretto, 51 anos, enquanto dava aula de catequese em uma paróquia de Estância Velha, na noite de quinta-feira (31), intriga a polícia e assusta os moradores. Antes de deixar o local do crime, o assassino teria jogado diversos panfletos do projeto Vizinhos Vigiando! sobre o corpo da vítima. Para o delegado Luiz Fernando Nunes da Silva, que apura o crime, a possibilidade de vingança é uma das analisadas até o momento, e os panfletos serão elementos a serem investigados.
– Neste momento, eu considero a investigação totalmente em aberto. Acredito que não tenha sido um latrocínio (roubo com morte), porque, ao que tudo indica, o criminoso premeditou o assassinato. Levou corda e outros instrumentos e parecia conhecer a rotina da vítima. Mas não temos muito mais do que isso – afirma o delegado.
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Enquanto mantinha as três alunas de Elaine amordaçadas e levava a vítima até o banheiro, onde a professora seria enforcada, o criminoso teria mencionado que já havia sido preso por culpa da professora e agora agia por vingança. A polícia não confirma que a educadora tenha feito alguma denúncia que levasse assaltantes à prisão recentemente.
Ela, no entanto, era uma das mobilizadoras do projeto que, em julho, foi transformado em lei no município. No bairro Nova Estância, onde morava e dava aulas de catequese para adultos, coube justamente à professora espalhar placas afixadas nos muros das casas mais próximas.
– Ela era uma entre tantos moradores de Estância Velha que estão nesse grupo. Conversou com alguns vizinhos e me pediu algumas placas. Não tinha nenhuma posição mais especial de liderança, que a deixasse muito em evidência. Na verdade, o projeto apenas estimula as pessoas a ligarem para a Brigada Militar, Polícia Civil ou outras autoridades em caso de suspeitas. Foi a forma que encontramos de reagir aos assaltos – explica o vereador Carlos Bonne (PDT), criador do projeto.
Segundo ele, pelo menos 600 casas de Estância Velha já têm a placa da campanha no muro. Conforme os moradores do bairro, os assaltos estão frequentes. Na última semana, relata um vizinho da paróquia onde Elaine foi morta, e que prefere não ser identificado, pelo menos duas casas foram atacadas e um carro foi roubado nas proximidades.
– É mais uma cidade como tantas outras, mas aqui ainda temos um espírito comunitário muito forte e estamos tentando reagir – desabafa o vereador.
De acordo com o delegado, não há informação de nenhuma quadrilha organizada praticando roubos em Estância Velha. Ele ressalta que boa parte dos crimes é praticada por bandidos que vêm de municípios vizinhos maiores, como Novo Hamburgo e São Leopoldo.