A 2ª Vara do Júri de Porto Alegre julga na tarde desta segunda-feira (7) o homem apontado pela polícia como um dos mais violentos líderes de facção criminosa da Região Metropolitana. Bruno Fernando Sanhudo Teixeira, o Biboy, 27 anos, é acusado pelas mortes de Rodrigo Machado Coelho e Emerson Luis Netto Alves, em 2 de julho de 2014, no Beco dos Cafunchos, bairro Agronomia, na zona leste de Porto Alegre.
Conforme a denúncia do Ministério Público (MP), Biboy e outros dois homens que não foram identificados na investigação invadiram a vila anunciando-se como policiais. Teriam escolhido as vítimas aleatoriamente a as executado com diversos disparos. Teria sido, segundo o promotor Eugênio Paes Amorim, que atuará no júri desta segunda, um "recado" a um facção rival. As duas vítimas não tinham relação com as disputas do tráfico de drogas.
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Um mês depois do duplo assassinato, Biboy acabou preso com uma pistola 9mm. O exame balístico comprovou que os projéteis que mataram os dois homens no bairro Agronomia haviam saído daquela arma. Durante todo o processo, o réu negou autoria do crime e afirmou desconhecer o Beco dos Cafunchos.
Atualmente preso no Presídio Central, Biboy é apontado pela polícia como líder da quadrilha que comanda o tráfico na Vila dos Sargentos, no bairro Serraria, zona sul de Porto Alegre. Além deste crime, ele responde na Justiça a outros oito assassinatos. O mais recente deles, pelo qual está preso preventivamente, vitimou o empresário Marcelo de Oliveira Dias, 44 anos, no estacionamento de um supermercado no bairro Cavalhada, na zona sul de Porto Alegre, em outubro do ano passado.
Biboy foi denunciado como mandante do crime que teve o alvo errado. A ordem para o grupo armado já identificado pela polícia era para que executassem um traficante rival, atuante no Beco do Adelar, também na zona sul da Capital.
– Tudo o que a quadrilha faz na rua hoje em dia é reportado ao Biboy. Mesmo em execuções, os comparsas se comunicam com ele e seguem as ordens de como cometer os crimes – explica o delegado Eibert Moreira, titular da 4ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre (DHPP).
Essa situação ficou clara para a polícia na morte de Vilmar Adão Goulart Fraga, 54 anos, que era morador da Vila dos Sargentos e foi torturado até a morte, antes de ter o corpo exposto em praça pública na vila em julho de 2016.
O poder da quadrilha na vila é tamanho que o posto de saúde que funcionava na localidade foi fechado permanentemente como resultado da violência.
A suspeita da polícia é de que a influência do criminoso nas ruas aumente depois de desencadeada a Operação Pulso Firme, que transferiu lideranças de facções para penitenciárias federais. Entre os condenados transferidos está Fábio Fogassa, que é apontado como patrão deste braço da facção criminosa.