A Polícia Civil espera ouvir nesta terça (11) o depoimento de uma testemunha considera chave para a elucidação do crime do qual foi vítima a flanelinha Sheron Shauana Peres, 23 anos, na ensolarada tarde de domingo, em plena Avenida Edvaldo Pereira Paiva, conhecida como Beira-Rio, na Orla do Guaíba, local de grande concentração de pessoas nos finais de semana.
Sheron foi morta por volta de 14h30min, horário em que muitas pessoas caminhavam pela via, cujo trânsito estava fechado para veículos. Ela estava na Beira-Rio (veja quadro abaixo) quando um homem teria se aproximado e disparado quatro vezes contra ela. Depois, o criminoso fugiu.
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Ainda no domingo, surgiu a suspeita de que Sheron teria impedido um roubo de carro durante a manhã e que, por vingança, os ladrões teriam a matado à tarde.
– Existe essa informação, mas ainda não tivemos condições de confirmá-la, pois, devido ao velório, não nos foi possível tomar depoimentos hoje (segunda). Esperamos para amanhã (terça) uma testemunha – disse a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª DHPP.
Sheron, de acordo com um familiar que pediu para não ser identificado, sobrevivia com funções informais, como a de guardadora de carros. No ano passado, chegou a ser presa por suspeita de assaltar uma residência, em Guaíba. Porém, pessoas próximas afirmam que ela, depois de passagem pela cadeia, não voltou a se envolver em crimes. Sheron tinha namorada e, nas redes sociais, usava o nome social de Cauã.
Os tiros disparados contra Sheron assustaram os frequentadores daquele ponto da Orla do Guaíba. Ainda no domingo, em conversa com a reportagem, um taxista de 50 anos, que, de folga, pedalava pelo local, relacionou a ousadia do autor da execução à falta de policiamento. O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, coronel Eduardo Amorim, contesta:
– Havia dois policiais militares próximos dali. Tanto que foram os primeiros a chegar – defendeu.
Conforme o oficial, nos levantamentos feitos pela BM, não há ocorrências que incluam a área.
– Temos intensificado abordagens, com base em informações da comunidade, principalmente em uma praça nas proximidades da Usina do Gasômetro – afirma.
Criminosos indiferentes ao movimento
A execução de Sheron soma-se a outros crimes ocorridos desde o ano passado, em locais movimentados e em plena luz do dia: em 29 de março de 2016, Everton Cunha Gonçalves, 25 anos, foi morto em um quarto do Hospital Cristo Redentor. Em 9 de setembro, Marlon Roldão Soares, 18 anos, foi executado com 17 tiros no Terminal 2 do Salgado Filho.
Em 20 de outubro, à tarde, o empresário Marcelo de Oliveira Dias, 44 anos, foi assassinado a tiros na frente da filha, no estacionamento de um supermercado, na zona sul da Capital, ao ter o carro confundido com o de um traficante.
No dia 8 de novembro, em um horário de pico de movimento, por volta das 7h, Bruno Dornelles Ribeiro, 24 anos, foi morto a tiros na Rua da Conceição, ao lado da Estação Rodoviária de Porto Alegre. Os tiros provocaram pânico e correria. Uma mulher foi ferida por uma bala perdida.