O único dos cinco presos que conseguiu escapar das buscas das polícias após a fuga de cinco detentos da carceragem do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no sábado (22), é investigado por extorsão mediante sequestro. Airton Gomes Frazão, o "Véio", de 61 anos, foi preso no dia anterior à fuga, por supostamente integrar o grupo que age na Região Metropolitana. A polícia prefere não dar detalhes sobre a quadrilha, alegando que as investigações ainda estão em curso.
Um segurança da Avenida Ipiranga informou a polícia que o homem caminhou a pé, pediu ajuda de algumas pessoas e fugiu após entrar em um táxi. Enquanto isso, os outros fugitivos roubaram um Renault Sandero em um posto de combustível na Avenida Cristiano Fischer, mesma rua do Deic, e fugiram em alta velocidade. Eles bateram o carro também na Avenida Ipiranga e acabaram presos.
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O primeiro local visitado pelos investigadores nas buscas à Frazão foi o bairro Bom Jesus, na zona leste. É lá que ele tem suas raízes, e por isso os policiais acreditaram que ele pudesse ter buscado refúgio em algum beco. No entanto, o criminoso não foi encontrado.
Para a polícia, o já veterano bandido não é considerado de alta periculosidade, mesmo que tenha respeito dos criminosos que agem no mesmo grupo dele.
– Ele é um indivíduo que tinha a influência na quadrilha dele, somente. Os grandes presos, com maior perigo e influência em facção, não ficariam na carceragem. Estes são levados pela Susepe para algum presídio – comenta o delegado Sander Cajal, diretor de investigações do Deic.
Agora, a polícia está novamente atrás de Frazão. Imagens de câmeras de segurança são analisadas. Uma delas circula em redes sociais e mostra um homem semelhante caminhando pela Avenida Ipiranga. A polícia acha que é o mesmo homem, mas isso ainda não é confirmado. Até agora, não há relatos sobre o paradeiro. O Deic pede que qualquer informação seja repassada ao telefone 0800-510-2828. O sigilo é garantido.
Além disso, os outros quatro fugitivos, identificados como Wagner da Cruz, Júlio Cesar D'ávila Santana, Douglas Souza Padilha e Vladimir Aparecido Carvalho Grade, serão ouvidos com brevidade. Eles não depuseram no final de semana por terem sido encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro em decorrência da batida do carro contra o poste na fuga.
Medidas posteriores
Após a fuga, as duas galerias que abrigam seis celas foram esvaziadas a pedido do chefe de polícia do Rio Grande do Sul, delegado Émerson Wendt. A Superintendência de Serviços Penitenciários encontrou as 13 vagas no Presídio Central de Porto Alegre e na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro.
Um procedimento foi instaurado para investigar como os presos quebraram um cadeado e conseguiram acesso a área onde estava o policial – que foi rendido. Com a arma deste policial, os presos progrediram na fuga, trocando tiros com um segundo agente.
De acordo com Cajal, apesar de a Polícia Civil não ter homens e equipamentos suficientes para procedimentos mais rigorosos de segurança, os agentes passarão a ter mais atenção para evitar novas tensões.
– Ninguém quer ficar com preso em delegacia, até por que não temos condições ideais para isso. Não temos sistema de visitas. Somente advogados têm acesso aos presos. Não temos, alimentação eles que trazem também, não temos pátio para banho de sol. Em todo o local que tem preso essa fuga pode ocorrer – lamenta o diretor de investigações.