A ofensiva de criminosos, que explodiram duas agências bancárias em dois municípios no Vale do Caí, levou terror aos moradores da região na madrugada desta segunda-feira (10). O primeiro alvo foi o Banrisul de Maratá, que funciona em um prédio de dois andares, com apartamentos na parte superior. As pessoas que moram no local presenciaram toda a ação.
– Foi aterrorizante. Estava dormindo, era 1h55min, quando ouvi um estouro forte de vidro. Pensei que era um acidente de carro, mas abri a janelinha para ver e me assustei: estavam lá os bandidos, parte dentro da agência, e outros armados cuidando o lado de fora – relatou o advogado Rodrigo de Moura em entrevista à Rádio Gaúcha.
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A reação dele após perceber que o prédio seria explodido foi correr, pegar a filha de um ano e meio, a esposa, e se refugiar em um poço de luz. Ele ainda abriu as janelas da casa, para evitar que os estilhaços pudessem os atingir. Depois só aguardou.
– Em seguida ouvi a explosão. O prédio tremeu. O ponto positivo é que eles (bandidos) colocaram a quantia certa de explosivos, tanto que nem os vidros do Banrisul quebraram, só os caixas – afirma o morador, que não conseguiu dormir desde então.
Os moradores do município ainda tentaram afastar os criminosos. De acordo com o advogado, alguns vizinhos gritavam para os bandidos deixarem a cidade, que a polícia estava chegando. Os bandidos respondiam à bala.
– Quando alguém falava, eles davam rajadas de fuzil. Eram três, quatro tiros, em sequência, para cima – comenta a mesma testemunha.
Três bandidos participaram do crime dentro da agência, enquanto dois tinham a missão de serem guardas da parte externa. Um dos criminosos era responsável por cronometrar o tempo. Ele falava os minutos exatos que restavam antes da resposta das autoridades, e ainda incentivava os colegas, pedindo agilidade.
De acordo com a Polícia Civil, um terminal eletrônico foi aberto e o outro danificado. O cofre ficou intacto.
Depois disso, os bandidos carregaram um Chevrolet Spin branca e um outro carro com sacolas de dinheiro e fugiram para o interior, espalhando pregos retorcidos para atrapalhar a polícia, que, quando chegou, só viu a destruição na cidade.
Segundo ataque em menos de uma hora
Depois disso, um ataque semelhante ocorreu em Barão, município vizinho, com ainda mais ousadia dos criminosos. Conforme a Polícia Civil, a mesma quadrilha acessou estradas vicinais e chegou até o Sicredi na cidade. Antes disso, pararam um caminhão e o atravessaram na estrada para que a Brigada Militar não chegasse até eles.
– Foi bem rápida a ação em Barão. Em princípio, eles ainda pararam um caminhão, que permaneceu atravessado na via até que eles perpetuassem o ataque – comenta o delegado Joel Wagner, da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Em Barão, segundo a polícia, os bandidos não conseguiram levar o dinheiro. Uma das hipóteses é de que os assaltantes já estavam em alerta para a chegada de viaturas na região, e fugiram para não correrem riscos.
190 não atendia
Moradores da região reclamam do tempo de resposta e atendimento da Brigada Militar. Telefonemas ao 190 não teriam sido atendidos durante o ataque, e só os bombeiros atendiam. Comandante do batalhão da região, o major Iber Augusto Lesina Giordano diz que não sabia do ocorrido, e que vai apurar a situação.
A população também reclama da falta de policiamento. Esse problema é admitido pelo comando da Brigada Militar. Há duas viaturas das Patrulhas Intermunicipais para cuidar do policiamento de sete cidades.
Os PMs que atendem Maratá cuidam também de Brochier e Pareci Novo. Os outros dois fazem o policiamento em Barão, Salvador do Sul, São José do Sul e São Pedro da Serra. Eles não conseguiram chegar a tempo em nenhuma das duas cidades.
Até as 9h30min, ainda havia viaturas mobilizadas em buscas na área rural das cidades, mas não houve respostas.
Investigação
Para a Delegacia de Roubos, a forma de agir leva a crer que é uma nova quadrilha agindo na região. Equipes de investigadores estão no local acompanhando a perícia. Câmeras de segurança serão analisadas para tentar chegar até a identificação dos participantes.
– Cada quadrilha dessas guarda um modo de ação bem específico. Esse tipo de ação, com duas explosões em sequência pelo mesmo bando, não é nem muito comum de ter – adverte o delegado Joel Wagner.