Morador de Encruzilhada do Sul, o pintor Carlos Pedro Enes Filho, 40 anos, estranhou três estampidos que ouviu por volta de meia-noite e quinze desta sexta-feira (16). Curioso, deixou a torrada por fazer, pegou a bicicleta e foi ver o que era. Quando chegava na esquina da rua principal, deparou com um homem vestindo touca-ninja e portando uma arma longa, junto de quatro pessoas com as mãos para cima.
– Ô magrão, para aí que tu vai levar bala – ouviu Enes Filho do bandido.
Sem pensar, apavorado, o pintor manobrou a bicicleta e pedalou depressa de volta para casa. E então ouviu tiros.
– Acho que ele atirou pra cima, nem vi. Só pensei em fugir – contou Enes Filho, arrependido da curiosidade.
Chegando em casa, ele ouviu uma sequência de explosões intercaladas por tiros. Somente quando amanheceu e começou a conversar com os vizinhos é que ele ficou sabendo que três agências bancárias, todas localizadas na mesma rua, foram atacadas por um grupo de cerca de 15 criminosos.
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Amigos contaram que, assim como o bandido que ele viu, outros homens munidos de fuzis e metralhadoras se posicionaram nas esquinas próximas aos bancos e fizeram reféns, impedindo que qualquer pessoa se aproximasse dos alvos, que foram detonados por dinamites.
– Começou uma guerra em Encruzilhada. Foi um horror. A cidade é muito pacata. Era uma noite agradável de feriado. Quando a gente vai imaginar que uma coisa dessas vai acontecer aqui... – apontou o pintor.
A Brigada Militar não conseguiu impedir os ataques e agentes da Polícia Civil chegaram depois que o bando fugiu em pelo menos três carros. Ainda não há pistas para onde foram.
– A curiosidade matou o gato, dizem. Quase que eu fui o gato. Eu aprendi a nunca mais fazer isso de novo – concluiu.