Em menos de 72 horas, entre quinta-feira e domingo, o ônibus-cela conhecido como Trovão Azul, que abriga presos provisórios em Porto Alegre, foi interditado, mudou de endereço, teve sua desativação anunciada, e, no fim, confirmada a manutenção de sua utilização como carceragem.
O veículo foi levado para o Estádio Olímpico no final da noite de sexta-feira e transferido para um novo local, neste domingo (28), na Avenida Sertório, na zona norte da cidade.
Leia mais:
Após interdição, ônibus-cela Trovão Azul vai parar no Estádio Olímpico
Trovão Azul é interditado após desabamento de prédio na zona norte da Capital
Parte de prédio da Polícia Civil desaba sobre carros na zona norte de Porto Alegre
– A pedido da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários), a desativação será gradual e progressiva – informou a assessoria do secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer.
As mudanças em relação à utilização e à localização do ônibus começaram na tarde de quinta-feira, quando desabou um prédio na Rua Comendador Tavares, na zona norte, próximo ao local onde o veículo estava estacionado.
Por conta do acidente, o Trovão Azul foi interditado, e os presos encaminhados para o sistema penitenciário.
Na noite de sexta-feira, o veículo foi removido para uma das rampas de acesso ao gramado do desativado Estádio Olímpico, ao lado da Rua Gastão Mazeron, no Bairro Medianeira.
O Grêmio, por meio de sua direção, divulgou comunicado explicando que a cedência do espaço atendeu a solicitação da Secretaria da Segurança Pública.
Desde a chegada do veículo ao estádio, a Brigada Militar, que custodia os presos no ônibus, informou que a localização era provisória, "enquanto estivesse sendo definido um novo local". No Olímpico, não há água e luz.
Porém, no sábado, Schirmer, afirmando que o ônibus "já havia cumprido a tarefa temporária de manter presos provisórios da Capital e que, após o incidente (desabamento do prédio), ficou muito difícil encontrar um local seguro e adequado para manter o veículo", anunciou a desativação.
Menos de 24 horas depois, no início da tarde deste domingo, o secretário tomou uma nova decisão. Atendendo a solicitação da Susepe, o ônibus voltou a ser removido, para uma área na Avenida Sertório, que deverá receber a estrutura necessária.
Em meio às indefinições, presos voltaram a ficar sob custódia da Brigada Militar, neste domingo.
– Estamos com 10 presos na 2ª DPPA e 10 na 3ª DPPA. Quando chega a esse limite, as celas dessas delegacias são interditadas e os presos ficam sob custódia da Brigada Militar ou da Susepe – afirma o diretor da Divisão Judiciária de Operações da Polícia Civil, delegado Marco Antonio Duarte de Souza.
De acordo com ele, havia dois presos sob controle da BM, e um com a Susepe, nesta tarde.
Problema de difícil solução
As indefinições em relação ao Trovão Azul ocorrem na semana em que que as delegacias da Região Metropolitana tiveram o maior número de presos provisórios desde que voltaram a abrigá-los, em 2015: 260 detidos.
A adoção do ônibus como carceragem provisória foi decidida pela Secretaria da Segurança Pública em novembro do ano passado, quando celas de delegacias estavam abarrotadas, e presos acabavam sendo custodiados em viaturas, algemados a corrimãos e até a uma lixeira, na frente do Palácio da Polícia.
Paralelamente à decisão de utilizar o ônibus, a SSP anunciou a construção de centros de triagens, como alternativa à superlotação de delegacias. Em fevereiro, com a obra não concluída, foi entregue um deles, no Bairro Partenon. Um mês depois, dois presos fugiram do local.