O número de presos nas nove delegacias de Pronto Atendimento da Região Metropolitana, no ônibus "Trovão-Azul" e no centro de triagem chegou ao maior desde 2015, quando o problema da falta de vagas no sistema penitenciário começou a se intensificar no Rio Grande do Sul. Nesta quarta-feira (24), 260 pessoas são mantidas nas carceragens provisórias. A alta quantidade de presos preocupa a Polícia Civil, que já coloca detidos não somente em celas, mas também em salas de contenção, algemadas junto a objetos fixos. As informações são da Rádio Gaúcha.
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Em Porto Alegre, são 81 pessoas mantidas nas três Delegacias de Pronto Atendimento e no coletivo da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Outras 36 são mantidas em Canoas, 28 em Novo Hamburgo, 17 em Gravataí, 17 em São Leopoldo, 11 em Viamão e 10 em Alvorada. Além disso, o Centro de Triagem construído para amenizar a situação também chegou ao máximo da capacidade, com 60 presos.
A situação gera tensão e atrapalha o trabalho de policiais civis e militares. Segundo o delegado Fábio Motta Lopes, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, agentes da investigação são retirados dos seus inquéritos para cuidarem de presos. Brigadianos também deixam as ruas para auxiliarem na situação.
– Preocupa muito o número, mas não tem muito o que fazer. Enquanto não houver vagas no sistema prisional, tenho que deixá-los presos – comenta o diretor.
Na terça, uma fuga foi registrada nas unidades. Foi em Novo Hamburgo, onde o condenado por tráfico de drogas Rainieri Thiago Delavi Ribas conseguiu se desvencilhar das algemas e sair correndo. A fuga mobilizou as polícias, que conseguiram a recaptura horas depois, após buscas em ruas próximas.
– Nossa capacidade é 12 presos, divididos entre três celas. Ontem (terça-feira) estávamos com mais de 20. Eles acabam ficando na contenção, local não apropriado, mas não posso deixar de prender – admite o delegado Tarcísio Kaltbach, responsável pela delegacia.
Mais de 24 fugas desde 2016
Lopes lembra que esta não é a primeira fuga. O diretor regional afirma que já são 24 desde 2016. Na semana passada, um preso fugiu pela porta da frente da delegacia de Gravataí. Houve grande mobilização policial na tentativa de recapturá-lo, mas o homem conseguiu fugir após invadir o pátio de uma creche e pular muros de casas. Ele ainda não foi recapturado.
Centros de triagem
A construção dos centros de triagens de presos era apontada pela Secretaria de Segurança Pública como uma alternativa para conter a elevação no número de presos. No final de 2016, foi anunciada a construção de 544 vagas até maio deste ano – prazo que não foi cumprido. Até agora, apenas 60 estão abertas, mas todas lotadas.
Através da assessoria de imprensa, a pasta informou que trata a questão com prioridade. Lembra, ainda, que tem feito investimentos em presídios, como na nova casa prisional em Canoas, com mais de duas mil vagas. Lembra também da retomada da obra da Penitenciária de Guaíba, com 672 vagas, e da construção em Bento Gonçalves. A reportagem aguarda retorno sobre os prazos das obras.
Confira a nota da secretaria
"A Secretaria da Segurança Pública reitera que o sistema penitenciário do Rio Grande do Sul é tratado como prioridade, sendo pauta recorrente da agenda do secretário Cezar Schirmer desde a sua posse. É importante registrar que, em dois anos, ampliou-se a população carcerária em quase seis mil detentos, em virtude do forte trabalho desenvolvido pelas forças policiais. Portanto, houve um acréscimo no número de pessoas sem a mesma equiparação ao número de vagas no sistema prisional.
Para revertermos este quadro, estamos colocando em ação as últimas medidas para a abertura do Complexo Penitenciário de Canoas, que proporcionará 2.415 novas vagas, e retomamos a obra da Penitenciária de Guaíba, com 672 vagas. A intenção é dar início à ocupação modular de Canoas dentro de alguns meses, com o ingresso de cerca de 200 detentos.
Estamos permutando a área da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) com o Grupo Zafarri, que nos permitirá construir novos presídios, num acréscimo de mil vagas. Em Bento Gonçalves, iremos permutar duas áreas do Estado também para a construção de uma nova penitenciária.
Além disso, o Governo Federal liberou R$ 44,7 milhões para o reaparelhamento do sistema penitenciário e construção de novas unidades prisionais. O anúncio deve ocorrer em breve, com o detalhamento das estruturas e sua localização.
Com relação aos recursos humanos da Susepe, lembramos que o concurso recentemente realizado permitirá abertura, de forma plena, do complexo de Canoas e da Penitenciária de Guaíba, assim que estiverem concluídas. Permitirá, também, ampliar o número de apresentação de presos à Justiça".