A ordem para matar Orides Telles da Silveira, 47 anos, teria partido de dentro da Cadeia Pública de Porto Alegre, o Presídio Central, apontam as investigações iniciais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Gravataí. Conhecido como Bonitinho, Silveira chegou a ser considerado um dos assaltantes de bancos e carros-fortes mais procurados do Rio Grande do Sul, pertencente à quadrilha de José Carlos dos Santos, o Seco. O seu corpo foi encontrado aos pedaços envolto em sacolas plásticas às margens da BR-386, em Canoas, no sábado.
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Conforme o delegado Felipe Borba, a vítima, que cumpria pena no semiaberto com uso de tornozeleira eletrônica, foi sequestrada por criminosos na casa onde morava – em um condomínio fechado no bairro Cadiz, em Gravataí, na noite de terça-feira. Câmeras de segurança do condomínio flagraram a ação do grupo que vestia camisetas da Polícia Civil no momento da abordagem. Os dois carros utilizados eram equipados com sirenes e foram encontrados queimados na madrugada de quarta-feira em Cachoeirinha, em uma tentativa de dificultar a coleta de provas.
Do condomínio, Silveira foi levado a uma residência, ainda desconhecida, onde acabou esquartejado com golpes de machado. Laudos periciais indicarão se ele ainda estava vivo quando teve a cabeça arrancada.
– A suspeita é de que não estivesse morto quando começaram as machadadas, apenas desacordado – disse Borba.
Um vídeo divulgado pelos criminosos mostra o grupo vestindo toucas-ninjas e roupas camufladas e o decapitando com um machado. Após arrancarem a cabeça, os bandidos a exibem sob a mira de fuzis AK47 e 5.56, de fabricação russa e norte-americana. O delegado acredita que a execução tenha relação com o tráfico de drogas, já que Bonitinho pertencia a uma facção sediada no Vale do Sinos.
– Esse tipo de execução é feita para ostentar poder e demostrar aos mandantes do crime que a ordem de matar foi cumprida.
A polícia tenta localizar a residência onde o vídeo foi gravado, possivelmente entre as cidades de Gravataí e Canoas. Neste imóvel, também foram feitas fotos mostrando a tortura de outro homem, identificado como Anderson Luciano Melo, 30 anos. Na primeira imagem, Melo aparece com o próprio dedo – já arrancado da sua mão – na boca, sob a mira dos fuzis. Na sequência, é fotografado já atingido pelos disparos na cabeça.
O corpo de Melo foi encontrado às 2h de terça-feira na RS-118, no bairro Costa do Ipiranga, com marcas de tiros de fuzil. A polícia acredita que ele tenha sido morto às margens da rodovia estadual, mas torturado na mesma casa onde Bonitinho foi decapitado.
– Está claro para nós que o mesmo grupo foi responsável pelas duas mortes. Já temos algumas informações, mas não podemos dar detalhes. Ouvimos diversas pessoas, pedimos exames periciais e estamos aguardando os laudos – concluiu o delegado.
Informações sobre os criminosos podem ser repassadas de forma anônima pelos telefones (51) 3945-2741 e (51) 98608-8876.