Foram os celulares de presos que levaram a polícia ao rastro da quadrilha especializada em sequestros desarticulada em uma ação da Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na manhã desta quarta-feira.
Dias depois do sequestro e libertação da companheira de Fabrício Santos da Silva, o Nenê – apontado pela polícia como líder de uma facção criminosa da Região Metropolitana –, ocorreram buscas em algumas celas da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Entre os celulares apreendidos, estavam os usados pelos líderes da quadrilha especializada em sequestros na Região Metropolitana, que revelavam toda a negociação para envolvendo os presos em maio do ano passado.
– Tudo o que acontecia na rua era monitorado de alguma forma pelos mentores do plano. Seja por troca de mensagens ou por fotos enviadas pelos comparsas – aponta o delegado João Paulo Abreu.
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No dia 4 de maio do ano passado, a mulher de 31 anos foi perseguida pela RS-401, na saída da Pasc. Fotos enviadas para celulares dentro da cadeia comprovam o cerco feito a ela. Quando parou o carro, ainda no acostamento da rodovia, ela teria sido arrebatada.
Ao receberem a confirmação de que o rapto estava assegurado, os criminosos iniciaram as negociações. Primeiro, uma mensagem via WhatsApp foi enviada para Nenê dando conta do sequestro e do resgate que era exigido: R$ 1 milhão, quatro fuzis e 20 pistolas. A mensagem teve resposta do homem apontado como líder de uma facção criminosa. Ele diz que não teria dificuldade em levantar o valor exigido, mas que não tinha as armas exigidas: "Não estou em guerra com ninguém", justificava a mensagem.
Cerca de 10 horas depois de iniciado o sequestro, já com a garantia do pagamento de resgate – também comprovado por fotos de WhatsApp –, os criminosos ainda enviam ao detento da Pasc uma comprovação de vida da vítima. Por telefone, ela implorou para ser libertada. Conforme a polícia, isso aconteceu na região do Porto Seco, na zona norte de Porto Alegre.
Claudinete Jorge Marques da Rocha Júnior, o Júnior, e Lauri Sávio Cunha, o Mano, considerados os mentores do sequestro foram transferidos para a penitenciária federal de Mossoró (RN) após este crime. Um terceiro mandante, segundo a investigação, foi Diego Sávio Cunha, o Feio, sobrinho de Lauri. Ele segue preso na Pasc.