Apesar da resistência do pai da criança com a gravidez, Mariana Freitas Rodrigues, 17 anos, – morta com um tiro na cabeça na frente de casa, em Alvorada – estava feliz e ansiosa para conhecer a filha. Fez o chá de fraldas no começo de março e montou o quarto do bebê na casa da avó paterna com quem vivia. Das publicações da adolescente em sua página no Facebook, ela fazia um diário da gestação. As postagens demonstram que a menina parecia realizada com o momento que estava vivendo.
No início da gestação, compartilhava com os amigos as dúvidas que tinha sobre o nome da bebê. Em 5 de dezembro de 2016, postou: "17 semanas e um dia, o primeiro chutinho".
Ela também registrava quando ia fazer exame de sangue e se divertia compartilhando fotos de bebês aleatórios com a legenda "Vem Heloísa".
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Em 4 de fevereiro, postou imagem com barrigão e a legenda "Eu conto as horas pra poder te ver". A descrição da foto de uma ecografia em 14 de março evidenciava o carinho pela filha: "Mamãe já ama cada detalhe do seu meu, amor."
– A Mariana estava realizada, era uma grávida linda, falava o tempo todo do bebê – conta uma das amigas.
Pessoas próximas e familiares confirmam que a relação com o pai da criança não foi duradoura.
Longe da escola de 2016
O histórico escolar de Mariana na última instituição que frequentou demonstra que a adolescente estava longe da sala de aula desde junho de 2016. Ela cursava o oitavo e nono anos pelo Educação para Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Almira Feijó, no Jardim Alvorada.
Segundo a diretora Sandra Cettocin, a partir de maio, as faltas de Mariana chamaram a atenção. Em junho, não tinha mais frequência. Após tentativas de contato com a família, a escola emitiu documento que foi enviado ao Conselho Tutelar para notificar a evasão da aluna. Contatado pela reportagem, o órgão informou que não tinha como confirmar se recebeu o documento.
Da pré-escola ao quinto ano, Mariana cursou na Escola Almira Feijó. Da época, a diretora lembra que a menina era extrovertida e vaidosa, que frequentava a escola e era levada e trazida sempre por familiares. Do sexto ao sétimo ano, foi aluna da Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Drummond de Andrade, do mesmo bairro. A professora de História Natacha Petkovicz lembra que a menina era educada e tranquila:
– Era uma menina comum como todas as outras, nunca fez nada que desabonasse sua conduta.