Na metade do ano passado, os alunos da Escola de Engenharia da UFRGS instalaram placas de avisos ao redor do campus central, entre a Avenida Osvaldo Aranha e a Rua Sarmento Leite, na Capital. Quase um ano depois, o "assaltômetro" que tinha objetivo de anunciar há quantos dias o local estava sem crimes, não existe mais – foi retirado após ser alvo de violência. A mobilização chegou a surtir efeito à época, com aumento do policiamento, mas, segundo o delegado Paulo Cesar Jardim, as ocorrências seguem na mesma intensidade.
– Quase que diariamente estudantes são alvo de assalto ou de tentativa de roubo, principalmente nos ônibus – constata Jardim.
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Um dos líderes da mobilização do ano passado, o ex-presidente do Centro dos Estudantes Universitários de Engenharia (Ceue), Felipe Castro, 23 anos, conta que, além das placas, os alunos criaram um formulário online que originou um dossiê sobre locais, horários e tipo de crimes mais comuns, divulgou os dados para a Brigada Militar e nas redes sociais, alertou autoridades e promoveu palestras na universidade. Com isso, conseguiram incluir os arredores do campus num projeto da Operação Avante da BM, chamado de Caminhos Seguros.
– Era todo dia, toda as horas, alguém era assaltado. Hoje, já não percebo mais isso, ao menos não está tão na cara – conta, lembrando do flagra feito pelo SBT, que filmou o ataque de um ladrão enquanto registrava o "assaltômetro".
Há pouco mais de seis anos, uma cobrança da comunidade também levou ao cercamento do campus do Vale. Ainda assim, é a área que mais tempo permanece com os portões abertos, já que sedia um terminal de ônibus. Devido à extensão e quantidade de prédios, foi o primeiro campus a receber câmeras de monitoramento.
Em outubro do ano passado, o relato de um cobrador de ônibus repercutiu no Facebook, com mais de 400 compartilhamentos. André Luis Ferreira Antunes já foi assaltado 13 vezes enquanto trabalhava, mas era a primeira vez que ocorria dentro da universidade. Um homem armado chegou ameaçando os estudantes e alguns conseguiram se abrigar no ônibus, implorando para que a porta fosse fechada.
"Todos olham o assaltante atacar as vítimas do lado de fora e torcem para ele não vir em direção às portas e janelas. Instantes de medo, raiva e impotência. O assaltante foge correndo pelas escadarias. O motorista volta e seguimos viagem. O ônibus está lotado, mas nunca esteve tão silencioso", contou Antunes em seu perfil no Facebook. Leia a íntegra:
Ouça relatos de vítimas do entorno do Campus Saúde no vídeo abaixo*:
*os nomes foram preservados para garantir a segurança