A força-tarefa da Polícia Civil de combate a roubos no transporte coletivo da Capital completa um ano neste mês com uma dose de alívio e, também, dor de cabeça. Ao mesmo tempo em que comemora a redução de 42% no número de assaltos no primeiro trimestre de 2017 comparado ao mesmo período de 2016, o Centro, região de maior circulação de ônibus e lotações de Porto Alegre, está em alerta. Pela primeira vez desde o início do trabalho, a área central registrou, neste trimestre, alta desse delito. Foram 98 casos – 24 em janeiro, 31 em fevereiro e 43 em março, contra 71 dos três meses anteriores – 23 em outubro, 25 em novembro e 23 em dezembro.
– Milagre não vamos fazer. Esse é um tipo de crime que não acaba, mas podemos otimizar o combate e garantir punições mais rigorosas – avalia o delegado Alencar Carraro, que coordena o trabalho.
Os números corroboram a constatação. Mesmo que os assaltos tenham voltado a aumentar no Centro, é notável a queda no volume de roubos desde o início da força-tarefa em relação ao primeiro trimestre do ano passado – o último sem a estratégia especializada. A área central havia registrado 169 crimes entre janeiro e março de 2016. Os 98 do mesmo período deste ano marcam a redução de 42%.Baixa semelhante é vista em toda a cidade. Foram 608 registros entre janeiro e março de 2017 – queda de 41% em relação aos 1.023 do mesmo período de 2016.
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O diferencial, diz o delegado, está na dedicação à investigação. A cada mês, em média, são concluídos 30 inquéritos. Desde o início, 330 casos foram encaminhados à Justiça, com mais de 200 presos. Só no mês passado, a equipe pediu à Justiça 27 pedidos de prisão.
– Criamos, e ainda estamos aprimorando, uma rede de colaboração muito forte entre Polícia Civil, Brigada Militar, órgãos municipais e trabalhadores do transporte coletivo. Todos comunicam-se via WhatsApp e os resultados são o reconhecimento rápido e as prisões dos ladrões – afirma Carraro.
O delegado também explica a alta de casos no Centro:
– É um tipo de crime que migra facilmente, porque requer oportunidade. Não são especialistas que roubam ônibus, mas usuários de drogas ou traficantes em momentos de baixo rendimento. Eventualmente, assaltantes que atuam em outros crimes também.
Nos últimos meses de 2016, o foco da força-tarefa esteve na Zona Sul, sobretudo na região das avenidas Praia de Belas e Beira-Rio. Só nessa área, foram 15 presos em novembro. Como resultado, os assaltos migraram para o Centro. Os roubos passaram a acontecer, em março, com maior frequência nos arredores da Redenção, como na Avenida João Pessoa. Aí até mesmo a Guarda Municipal passou a agir no combate. Desde a metade do mês passado, a maior incidência está na região da Avenida Farrapos. Ainda nesta terça-feira, um suspeito de uma série de assaltos foi preso.
Resposta do policiamento
De acordo com os registros da força-tarefa, neste mês já foram abertos 12 inquéritos referentes a roubos de coletivos na área central.
– É uma área com muitos estudantes e movimentação altíssima, o que atrai os delinquentes, mas estamos reforçando as ações na região – garante o comandante do 9 º BPM, tenente- coronel Eduardo Amorim.
De acordo com o delegado Alencar Carraro, pelo menos três criminosos que atuam na região estão identificados, além de um banco de imagens com pelo menos 20 suspeitos de agir na região. Conforme o levantamento do 9 º BPM, as avenidas João Pessoa, Farrapos e Osvaldo Aranha concentram a maior parte dos crimes na região central, sobretudo entre 18h e 19h.
A identificação dos principais horários e dos locais de maior incidência dos crimes fazem parte da resposta da Brigada Militar ao problema. Segundo o comandante, não adiantaria somente o reforço da Operação Avante, iniciado em março, sem um objetivo claro de ação.
– Analisamos todas as ocorrências na área e, em cima disso, focamos nossas abordagens e barreiras. Quando temos o reforço do Batalhão de Operações Especiais e do policiamento aéreo, é justamente nessas “ áreas de calor” que centramos a ação dos policiais – detalha.
Segundo Amorim, as prioridades são prender suspeitos e armas.
– Mantemos um contato constante com a força- tarefa da Polícia Civil, e com a temática de roubos ao transporte coletivo criada na Brigada Militar. Mas também estamos organizando redes de contato com a comunidade pelo WhatsApp. Elas têm sido fundamentais.