O alto número de homicídios no feriadão de Tiradentes é entendido pela Polícia Civil como "atípico" e sem "motivos semelhantes". De meio-dia de quinta-feira até o mesmo horário desta segunda, foram 42 assassinatos, sendo 19 no Interior, 13 na Região Metropolitana, oito em Porto Alegre e dois no Litoral Norte. As informações são da Rádio Gaúcha.
Especializado na investigação de crimes desse tipo, o delegado Paulo Grillo, diretor do Departamento de Homicídios, destaca que os assassinatos ocorridos em Porto Alegre e Região Metropolitana não têm as mesmas características dos ocorridos no Interior. Conforme ele, as mortes da Grande Porto Alegre são, em sua maioria, ligados ao tráfico de drogas, enquanto no restante do Estado se misturam a casos passionais.
– Em Porto Alegre e Região Metropolitana existem algumas organizações criminosas, alguns grupos, que se digladiam em busca de ocupação de espaço tendo como fundo o tráfico. Mas não só isso, envolvem também questões como queima de arquivo, demonstração de força e intimidação. Aí nós temos eventualmente crimes bárbaros como temos visto, mesmo que tenham diminuído nos últimos tempos – relata o policial.
Leia mais
Homem é encontrado morto com marca de tiros em estrada de Alvorada
Escola de Porto Alegre suspende aulas após arrombamento nesta segunda-feira
Criminoso em carro roubado bate em três veículos e deixa um ferido
Exemplo de um crime ligado às facções é a chacina com quatro mortos ocorrido na Estrada do Nazário, em Canoas, na tarde de sábado. Três homens da mesma família e um adolescente que havia saído para comprar um refrigerante foram as vítimas. Eles foram identificados como Getúlio Freitas, de 67 anos, Diomar Souza de Freitas, 29 anos, Leonardo Freitas, 21 anos, Jhuan Dassi da Silva, 17 anos.
Segundo o diretor, o número de homicídios da Capital gaúcha está caindo. A expectativa do departamento é reduzir os números em abril, assim como ocorreu em março e fevereiro. As estratégias são tratadas com sigilo.
– A disputa (entre facções) certamente não cessou. Porém alguns movimentos nas últimas semanas em Porto Alegre e Região Metropolitana fizeram reduzir os homicídios ligados ao tráfico. Entre eles, prisões e transferências de presos – pontua.
O diretor acredita que o Plano Nacional de Segurança, que está sendo implementado no Rio Grande do Sul, é um dos principais projetos que ajudará na redução dos crimes de homicídio no Estado. Entre as medidas tomadas estão o maior número de policiais nas ruas, aumento de operações da Polícia Civil e o reforço das equipes de investigação.
No feriadão de Tiradentes do ano passado foram 29 assassinatos no Rio Grande do Sul, sendo 17 em Porto Alegre.
*Rádio Gaúcha