O Ministério Público do Paraguai informou ter fortes indícios de que a quadrilha responsável pela explosão da sede da transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, durante a madrugada, é brasileira. Pelo menos quatro dos cinco carros apreendidos após o crime têm placas do Brasil.
Dentro do Brasil, as suspeitas recaem sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista. Reforçam a suspeita de que o ataque foi executado pelo PCC quatro assaltos idênticos realizados pelo grupo contra transportadoras de valores, em território paulista, em 2016, e um executado no Recife, neste ano.
Leia mais:
Polícia brasileira troca tiros com suspeitos de assalto no Paraguai
Roubo milionário no Paraguai foi feito por quadrilha brasileira, aponta MP
Humberto Trezzi: ataque com as digitais do PCC
No total, os bandidos levaram R$ 198 milhões nesses roubos. Carros levados e incendiados para tumultuar, dezenas de ladrões armados de fuzis, ataques a unidades policiais e corte de comunicações – energia e telefone – são algumas das semelhanças. Os criminosos alugaram casas nas cidades onde realizaram os ataques, e carros blindados foram usados na fuga.
Março de 2016
Protege em Campinas
Ladrões chegaram de madrugada, em carros e caminhões, e começaram a atirar contra as câmeras e paredes da empresa com fuzis. Sem chance de reagir, o vigilante saiu correndo, caiu e se arrastou pelo corredor. Logo, um caminhão descarregou uma estrutura de metal, com explosivos presos a ela, que foi instalada na parede do prédio. Após a detonação, o caminhão foi colocado estrategicamente na frente do buraco para ser carregado com dinheiro. Toda a comunicação entre os assaltantes era feita por telefone. Sem demonstrar pressa, prepararam mais uma explosão. Feito isso, fugiram de caminhão com cerca de R$ 60 milhões.
Abril de 2016
Prosegur em Campinas
O assalto à empresa de transporte de valores foi executado por cerca de 20 homens armados com fuzis e metralhadoras, segundo relato de testemunhas. O grupo chegou atirando na empresa e trocou tiros com policiais militares por cerca de 20 minutos. A quadrilha também utilizou seis veículos para bloquear as ruas em volta da empresa e dois caminhões para impedir o acesso por vias próximas. Uma parte da quadrilha ficou do lado de fora e explodiu o transformador de energia. Os demais entraram e usaram dinamites para chegar à sala de contagem de dinheiro. Foram quatro explosões, segundo testemunhas.
Julho de 2016
Prosegur em Ribeirão Preto
A sede da transportadora, no norte paulista, foi assaltada e ladrões atiraram por pelo menos 40 minutos. Na ocasião, a empresa informou apenas que nenhum funcionário ficou ferido no assalto e que estava colaborando com as investigações. O assalto ocorreu de madrugada e, segundo moradores da região, pelo menos 20 homens chegaram à empresa em 10 veículos. Um caminhão foi estacionado no local para dificultar a aproximação da polícia. Os bandidos fugiram pela Rodovia Anhanguera e atiram em dois PMs que faziam patrulhamento. Um deles foi atingido na cabeça e morreu. A quadrilha também atirou contra dois transformadores de energia, deixando mais de 2 mil imóveis sem eletricidade.
Agosto de 2016
Protege em Santo André
Cerca de cinco meses após o ataque em Campinas, a Protege voltou a ser alvo de criminosos, desta vez na sede da empresa em Santo André, no ABC Paulista. A quadrilha, formada por cerca de 25 homens fortemente armados, abriu fogo contra seguranças e efetuou explosões, danificando a estrutura do prédio. No entanto, diante da dificuldade em se chegar ao cofre da empresa, o grupo deixou o local sem levar nada. Na fuga, os criminosos incendiaram ao menos 11 veículos.
Fevereiro de 2017
Brinks em Recife
Um assalto a uma transportadora de valores terminou em tiroteio na zona oeste do Recife. Com armamento pesado e explosivos, criminosos atacaram a sede da empresa de transporte de valores Brinks. O valor roubado, informou a Polícia Civil, foi de R$ 60 milhões. Segundo a Polícia Militar, o grupo era formado por ao menos 20 homens. Vários carros, casas e um posto de combustíveis ficaram parcialmente destruídos. Na fuga, bandidos passaram por uma blitz do Batalhão de Policiamento de Trânsito e entraram em confronto com os agentes. Entre as armas usadas pelos bandidos, havia fuzis AK 47.
Veja fotos do ataque à transportadora de valores no Paraguai