Cerca de 11 anos depois da descoberta da maior escavação criminosa no Rio Grande do Sul, o Estado volta a se surpreender com um túnel que guarda certas semelhanças e diferenças com o buraco aberto por bandidos da facção paulista, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A semelhança mais evidente é que, nos dois episódios, todos foram capturados. E investiram mais de R$ 1 milhão nas empreitadas que acabaram fracassadas. Tanta a quadrilha dos toupeiras – 29 presos de paulistas e nordestinos e apenas um gaúcho – sob o comando do PCC, em setembro de 2006, e as oito pessoas – sete homens e uma mulher vindos do Vale do Sinos – a serviço da facção Os Manos, foram presas em flagrante. Como diferença entre eles, o bando dos toupeiras era formado por criminosos com larga ficha policial, enquanto os presos desta semana nunca cumpriram pena.
No caso do túnel de 80 metros sob as ruas Caldas Junior e Siqueira Campos, no centro da Capital, a Polícia Federal frustrou o que seria o maior butim do setor financeiro no Estado – R$ 200 milhões dos cofres da Caixa Federal e do Banrisul. A escavação mirando o pavilhão D do Central, abortada pela Polícia Civil, visava libertar de 200 a mil apenados, possivelmente, a maior fuga do sistema prisional gaúcho.
Leia mais:
Como a polícia frustrou a maior fuga da história dos presídios do RS
Túnel levaria pelo menos 20 dias para chegar ao Central, calculam especialistas
Mapa do túnel: como é e onde fica o espaço utilizado em plano de fuga
Os toupeiras escavaram pelo menos três túneis para furtos milionários, e em um deles levaram R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005, – o crime rendeu até um filme. Eram bandidos experientes. Em Porto Alegre, escavavam sem luz e sem ventilação elétrica.
O bando foi preso e condenado por tentativa de furto. Uma parte fugiu do semiaberto, pelo menos cinco já foram assassinados em disputas pelo dinheiro, e a maioria, com condenações anteriores, foi transferida para outros Estados. Apenas Fabrísio de Oliveira Santos, o Boy, homem apontado como comprador do prédio usado para escavar o túnel até os bancos, ainda cumpriria pena em regime semiaberto, em Charqueadas, até 2024. Ele foi condenado a nove anos pelo furto e formação de quadrilha, e soma outra condenação por tráfico de drogas, crime praticado em São Paulo.
Pelo espaço de tempo transcorrido, autoridades gaúchas acreditam não existir relação entre os dois casos.
Veja abaixo as principais semelhanças e diferenças entre as estruturas
Leia também:
Criminosos investiram R$ 1 milhão em túnel para fuga do Presídio Central
Cada pedreiro recebia R$ 1 mil por semana para construir túnel
"É uma obra de média complexidade", avalia presidente do Crea-RS