Amontoados em uma escadaria, nove presos aguardavam vaga no sistema prisional algemados a um corrimão na manhã desta sexta-feira - alguns deles, há uma semana, conforme o juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre Paulo Irion. Sem mais espaço para novas algemas, outros dois detentos foram colocados em um depósito, aprisionados a uma janela basculante.
Ali, dividiam espaço com sacos de lixo, materiais de construção e garrafas pet cheias de urina. Isso porque, na ausência de banheiros, os detentos urinavam nesses recipientes. O calor que faz dentro do pavilhão é mais um componente do cenário de horror, que se assemelha a um calabouço, complementado por um cheiro fétido de sujeira.
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Conforme o magistrado, eram 34 presos nesta situação até o início da tarde. Para fazer a custódia deles, cerca de 50 policiais militares ficavam parados no depósito com dezenas de viaturas estacionadas.
A situação foi flagrada pela reportagem de Zero Hora no pavilhão em que está estacionado o Trovão Azul, ônibus-cela da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) adotado para suprir a falta de vagas no sistema prisional, na Rua Comendador Taváres, bairro Navegantes, zona norte de Porto Alegre. Diante do atual cenário de caos prisional, nem o coletivo é mais suficiente.
– Era um horror. Local sem banheiro, em possibilidade de banho e de um calor infernal. O cheiro era insuportável. Para ter uma ideia, o corrimão ficou superlotado e dois presos tiveram de ir para uma sala _ conta o magistrado.
De forma emergencial, os juízes Paulo Irion e Sonáli da Cruz Zluhan determinaram que os presos fossem encaminhados para três presídios que já estavam interditados por causa da superlotação. São eles: a Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, a Penitenciária Estadual de Charqueadas e a Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos. Conforme o juiz, o último preso foi transferido por volta das 14h.