O roubo de veículo é o tipo de assalto que mais cresce em Caxias do Sul. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), em 2016 foram registrados 976 roubos de veículos em Caxias, 346 a mais que em 2012, por exemplo. Em cinco anos, o aumento é de 55% dos ataques.
O dado é ainda mais assustador quando analisado junto aos casos de latrocínio: nos últimos três anos, sete dos 16 assassinatos cometidos por assaltantes ocorreram no momento em que as vítimas estavam nos veículos ou se preparavam para embarcar ou desembarcar.
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Entender como os assaltantes agem e planejam os ataques são fundamentais para que a população saiba como se proteger:
Vítimas distraídas - Considerando que a maioria dos roubos de veículos não são planejados, os ladrões procuram vítimas vulneráveis. Ou seja, o primeiro requisito é a facilidade para abordar e anunciar o assalto, situação que esteve por trás dos roubos de veículos registrados em Caxias do Sul em 2016. O bandido sempre vai preferir um motorista distraído, especialmente quem está embarcando ou desembarcando do veículo. O segundo objetivo é "fazer uma grana", o que para eles significam conseguir celulares, joias e dinheiro . O pensamento do bandido é simples: quanto melhor o carro, mais rico o dono, mais caro o celular dele e mais recheada a carteira ou bolsa. Neste cenário, um casal conversando ao lado da porta de um carro com as chaves do carro e os celulares à vista é o alvo perfeito.
Garagens são alvos - Os bandidos identificam garagens como um local de fácil abordagem. Os ataques também ocorrem na saída de veículos, mas são mais comum nas chegadas. A sensação de estar chegando em casa após o trabalho ou festa costuma relaxar as pessoas. Assim, os bandidos esperam o carro entrar e invadem a garagem antes de o portão fechar. Desatenta, a vítima é surpreendida e não tem como reagir. Pela recorrência deste tipo de crime, os policiais repetem a necessidade das pessoas olharem o movimento das ruas antes de reduzir a velocidade e entrar na garagem. Caso perceba uma movimentação suspeita, siga em frente com o seu veículo e ligue para o 190.
Carros utilizados em roubos - Não é apenas parado na esquina ou circulando em motos. Os ladrões também podem estar em carros luxuosos para levantar a suspeita. Eles ficam circulando e, ao perceberem alguém manobrando, reduzem a velocidade e esperam o momento certo para agir. Alguns preferem parar o carro um pouco antes ou depois da vítima ter estacionado e atacar. Outros utilizam o próprio veículo (provavelmente produto de outro crime) para encurralar a vítima e impedir manobras de fuga.Outro crime que cresce é abordagem de veículos no trânsito. Os bandidos se aproveitam de semáforos ou trechos estreitos para render o motorista. Nestes casos, a recomendação policial é ter atenção com se está sendo seguido por algum veículo. Em um caso do início do ano, os ladrões realizaram diversos movimentos em zigue-zague na frente do veículo da vítima antes de anunciar o roubo.
Bairros com rotas de fuga - Como muitos bandidos não planejam o crime, é difícil afirmar que eles escolhem o local que vão atacar. Porém, a intuição leva os bandidos para áreas em que a presença policial é menor e onde há diversas rotas de fuga. Do bairro Bela Vista, onde ocorreu o latrocínio da servidora pública Eliane Stedile Busellato no domingo passado, por exemplo, é possível acessar a BR-116, a área central da cidade ou seguir em direção ao interior _ para São Virgílio e para Galópolis. Para bandidos que assaltam a pé, o local do assalto precisa ser próximo de onde mora, que geralmente é um bairro de vulnerabilidade social. No latrocínio do florista Fernando Osvaldo Weber em novembro do ano passado, por exemplo, a investigação da Defrec apontou que o dois criminosos caminharam aproximadamente três quilômetros entre os bairros Planalto e Santos Dumont.
Recuperação de veículos - Em 2016, a Brigada Militar recuperou 1.922 veículos que foram roubados ou furtados. O índice de recuperação é de mais de 75% dos automóveis levados por bandidos. Parte deste número é explicado pela atuação policial. Outra fatia é representada pelos veículos descartados pelos bandidos, seja por não terem mercado ou contatos interessados. Os automóveis encontrados sem rodas, baterias e outros acessórios também são contabilizados nesta estatística.