A falta de transporte público e o medo da violência afetaram muito o comércio da Grande Vitória. Desde o início da semana, poucas lojas arriscaram abrir as portas. Além da ameaça de assaltos e saques, as pessoas não conseguem chegar aos locais de trabalho. Assim, quase ninguém compra ou vende alguma coisa na região metropolitana.
Em Vila Velha, uma única loja estava aberta na quinta-feira, em um raio de três quarteirões. O estabelecimento é especializado em armas, artigos de defesa pessoal e vestuário para agentes e seguranças.
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Cinco vendedoras e um segurança trabalhavam na loja por volta do meio-dia. A responsável pelo estabelecimento estava sorridente. Mas era apenas cortesia. No meio do caos, as vendas estão ruins até mesmo para quem comercializa material para segurança pessoal. No momento em que a reportagem esteve no local, apenas uma senhora idosa e o filho dela olhavam algumas camisetas.
– Nosso movimento caiu muito desde a semana passada – afirmou a gerente, que se recusou a dar o nome. – Já tive problemas no passado por causa disso – declarou.
Ela contou que mantém a loja aberta por estes dias porque, apesar da paralisação dos policiais militares, consegue se sentir segura.
– As pessoas até ligam para cá perguntando sobre armas ou coisas do tipo, mas são muito poucas as que acabam vindo até a loja, por causa do medo – lamentou a gerente.
A responsável pela loja lembrou, contudo, que pouca gente conseguiria comprar algo mais poderoso para se defender do que um spray de gengibre, que causa irritação nos olhos.
– Nem mesmo spray de pimenta é permitido vender sem autorização – ressaltou.
Solidariedade
Em Cachoeiro de Macacu, o dono de uma vidraçaria se comoveu com a situação dos comerciantes da cidade que tiveram seus estabelecimentos destruídos e ofereceu a recuperação das vitrines a preço de custo.
– O que vimos foram cenas de terrorismo. As pessoas perderam loja, perderam tudo. O que não conseguiram carregar, quebraram – afirmou Guilherme Freitas Teixeira, da Vidraçaria Teixeira.
Com a promoção, os comerciantes economizariam entre 40% e 60% do custo.
A Federação do Comércio do Estado informou que pelo menos 300 lojas já foram saqueadas, arrombadas ou sofreram depredação. O prejuízo é de R$ 25 milhões. Comerciantes perderam ainda pelo menos R$ 180 milhões por manterem os estabelecimentos fechados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.