As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) divulgaram em seu site oficial um comunicado em que negam acusações de vínculo com "organizações mafiosas vinculadas ao narcotráfico" no Brasil. No texto, assinado pelo Secretariado Nacional das Farc, o grupo diz que, "baseados em uma mentira, (os meios de comunicação) agora querem responsabilizar nossa organização guerrilheira pelo espantoso massacre de 56 pessoas".
Em denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação La Muralla, os investigadores detalham a relação da facção Família do Norte (FDN) – responsável pelas mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) – com fornecedores de drogas ligados às Farc. Para os procuradores federais, a proximidade entre os traficantes da FDN com a guerrilha facilitou o acesso da facção às drogas e armas oriundas da região de fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.
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Segundo as Farc, diversos meios de comunicação do Brasil e agências internacionais de imprensa têm difundido um suposto informe da Promotoria de Manaus, capital do Estado do Amazonas, de 2014, que trata de vincular as Farc com organizações mafiosas vinculadas ao narcotráfico. "Baseados nessa mentira, agora pretendem responsabilizar a nossa organização guerrilheira pelo espantoso massacre de 56 pessoas, ocorrido entre os dias 1º e 2 de janeiro", diz o texto, em referência às mortes na penitenciária de Manaus.
O texto qualifica ainda como "má-fé" ou "ignorância" reportagem de agência internacional que responsabiliza o grupo colombiano "em fato que rechaçamos e condenamos porque ferem a consciência dos povos civilizados do mundo".
As Farc dizem ainda que as autoridades brasileiras devem investigar as causas do massacre e apurar os responsáveis para tomar medidas que impeçam "a repetição destes lamentáveis fatos". A nota ainda presta solidariedade aos familiares e amigos dos mortos no massacre.
No fim do ano passado, o Congresso da Colômbia aprovou uma lei de anistia a guerrilheiros das Farc. O novo pacto mantém aberta a porta da política para os membros das Farc e não enquadra o narcotráfico como crime de lesa humanidade. Pelo novo tratado, a prática do narcotráfico só não terá anistia caso o combatente a tenha usado para enriquecimento pessoal.