Documento relevado pelo jornal O Globo confirma que a governadora de Roraima, Suely Campos, havia solicitado auxílio do governo federal em caráter de urgência para os presídios do Estado. O ofício, com data de 21 de novembro de 2016, desmente o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, alegou que o pedido se referia somente para a segurança pública, e não para o sistema penitenciário. Na madrugada de sexta-feira, ao menos 31 presos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em Boa Vista, em uma guerra entre facções.
A governadora roraimense pediu "apoio do Governo Federal, bem como da Força Nacional" para os presídios do Estado e destacou que havia "grande clima de tensão". Suely ainda pediu 180 pistolas para o sistema penitenciário, "que se encontra deficitário".
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Entretanto, segundo revelou o jornal, o ministro negou a demanda. Moraes respondeu que "apesar do reconhecimento da importância do pedido de Vossa Excelência, infelizmente, por ora, não poderemos atender ao seu pleito".
O governo de Roraima também forneceu ao Ministério da Justiça detalhes de mortes e rebeliões que vinham ocorrendo em Monte Cristo, coordenados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em resposta "à tentativa do Estado de retomar o controle do sistema penitenciário". No ofício, o secretário de Justiça de Roraima, Uziel de Castro Júnior, relata fugas e as mortes de 12 presos que seriam de uma facção rival ao PCC e de um policial militar.
O Ministério da Justiça, em nota, explicou a mudança de versão de Moraes. Segundo a pasta, 10 dias antes do pedido da governadora de Roraima, o ministro havia se encontrado com ela e informado que pediria apoio do governo federal para o sistema carcerário do Estado. Na ocasião, segundo o ministério, foram repassados R$ 13 milhões para a compra de equipamentos e armas para penitenciárias roraimenses.
Em sua defesa, Morais disse que a Força Nacional não pode atuar dentro dos presídios, e que o governo federal só poderia auxiliar em uma eventual rebelião. Porém, o ofício do governo de Roraima não se limita à Força Nacional, mas fala em "apoio do governo federal" urgente.