Não existe período mais delicado no sistema penitenciário do que o final de ano. A proximidade das tradicionais datas festivas gera ansiedades e expectativas na massa carcerária, até mesmo em grau mais elevado do que na sociedade livre.
Essa realidade, constatada por especialistas de diferentes áreas, agrava os conflitos provocados pelo embate travado entre as categorias de servidores penitenciários e o governo do Estado, durante essa semana.
As restrições das visitas, com o limite de uma por preso, a não permissão da entrada de crianças e das chamadas sacolas (nas quais familiares levam itens alimentícios, produtos de limpeza e itens de higiene pessoal), na semana de Natal podem provocar uma tensão sem precedentes na história do sistema penitenciário gaúcho.
Ainda que boa parte da sociedade não perceba, conflitos no interior das prisões costumam ter reflexos – logicamente, negativos – do lado de fora. Afinal, com presídios e penitenciárias em boa parte controlados por presos organizados e que não encontram dificuldade para manter contato com criminosos em liberdade, os riscos de que uma revolta intramuros gere consequências externas é elevado.
Períodos de festas natalinas também são propícios a reflexões e busca de harmonia. Que o governo e os servidores penitenciários se inspirem nessa tradição para distensionar o sistema e garantir um final de ano tranquilo para os gaúchos.
Boletim de Ocorrência
Renato Dornelles: risco de consequências nas ruas de uma revolta nas cadeias é elevado
O período do Natal no sistema penitenciário é sempre delicado. Na realidade em que presos não têm dificuldades de controlar o crime no lado de fora das cadeias, o risco é real
Renato Dornelles
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