As primeiras investigações da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) apontam que os presos que colocaram fogo em colchões do presídio de Getúlio Vargas tinham a intenção de danificar a cela para conseguir a prisão domiciliar. No entanto, por medida cautelar, os 17 detentos do semiaberto que utilizavam o espaço acabaram regredindo para o regime fechado pelo menos até ser concluída a reforma da cela. Eles foram transferidos para casas prisionais de Sarandi, Erechim e Palmeira das Missões e perderam temporariamente todos os benefícios.
– A medida cautelar é de 60 dias, mas eles devem voltar antes aqui para o presídio. Estamos investigando e quem for apontado como autor do incêndio vai permanecer no fechado – disse a diretora do Presídio Estadual de Getúlio Vargas, Cláudia Richetti.
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A diretora afirma que o incêndio foi um fato isolado e que não tem relação com a greve dos agentes penitenciários, que causou transtornos em cidades como Bagé, Pelotas e Charqueadas.
– Todos estavam trabalhando normalmente – afirmou.
O incêndio começou pouco depois das 7h de quarta-feira no alojamento do semiaberto. Dos 17 detentos, 10 tinham saído para trabalhar quando o fogo começou. A fumaça percorreu 50 metros e chegou na galeria do regime fechado, onde estavam 102 detentos. Quatro morreram por inalação de fumaça e outros 14 foram encaminhados para atendimento em hospitais da região. Quatro seguem internados na Fundação Hospitalar Santa Terezinha de Erechim, mas não correm risco.
Um dos presos que ajudou a socorrer os detentos relatou o momento de pânico na casa prisional. Nas duas extremidades do corredor em formato de L ficam a cela incendiada e a galeria do regime fechado.
– A gente ouviu eles (presos do semiaberto) pedindo ajuda, gritando que tinha fogo. Em dois minutos a fumaça chegou até aqui. Não dava pra ver mais nada. Fui abrindo a porta que dá para o pátio e tirando quem já tava passando mal – conta.
Alguns já estavam desmaiados.
– A gente colocava um pano molhado no rosto e entrava de novo. Não pensava em nada. Só em salvar – concluiu o preso que não será identificado por solicitação da direção do presídio.
A casa prisional não tem Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e está superlotada. Com capacidade para 56 detentos, abrigava até quarta-feira 119. Com exceção da cela incendiada, a penitenciária está sendo utilizada normalmente nesta quinta-feira.
Os quatro morreram por inalação de fumaça: