O primeiro chamado veio de boca em boca, nas ruas da Vila dos Sargentos, no bairro Serraria, zona sul de Porto Alegre. Um bonde partiria em alguns minutos para um ataque aos pontos de tráfico do Beco do Adelar, no Bairro Aberta dos Morros, controlados por uma facção rival. O jovem de 21 anos, que estava escalado para fazer parte do grupo, ficou contrariado. Era sábado à tarde e ele estava com a namorada. Comentou que não iria. Mas aí uma mensagem via WhatsApp reforçou a convocação.
– Quando chega essa mensagem, é proibido dizer não para a facção – avisa um amigo que prefere não ser identificado.
Um carro parou diante do jovem e um fuzil lhe foi entregue. O humor dele mudou imediatamente. Passou à euforia de quem está acostumado a partir para matar ou morrer. E foi com o bonde para a missão.
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Eduardo Torres
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