A superlotação dos presídios e das delegacias fez com que um preso seguisse detido em viatura da Brigada Militar (BM), em Porto Alegre, até o fim da tarde desta sexta-feira. Por volta das 19h30min, no entanto, o preso, que aguardava no veículo estacionando em frente a 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), na zona norte da Capital, foi recolhido ao sistema prisional. Porém, conforme o delegado Marco Antônio Souza, responsável pelas delegacias de plantão, nada garante que a situação não volte a acontecer.
– Se chegarem mais presos, vão ter que ficar em viaturas de novo. Estamos de mão atadas, e a capacidade (das delegacias) está no limite – disse Souza.
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Durante o dia, três presos chegaram a aguardar vagas dentro de veículos da BM. Conforme a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), somente nesta sexta foram disponibilizadas 77 vagas. Ainda assim, cerca de 70 pessoas seguiam abrigadas em delegacias até as 19h30min.
– Estamos em constante contato com a Susepe tentando dar vazão a alguns presos, colocando-os no sistema penitenciário. A situação é grave – disse Souza, ressaltando o risco de motim.
Um policial da 2ª DPPA, que pediu para não ser identificado, disse que os servidores passam por um verdadeiro estresse devido à situação, com presos exigindo remoção mediante ameaças de espancamentos e de mortes dentro das celas.
– As madrugadas são um verdadeiro inferno. Os presos batem nas grades o tempo inteiro. Um deles passou mal e o Samu teve de ser chamado – relatou.
Situação pode se repetir em Canoas
Segundo o major Rogério Araújo de Souza, responsável pelo 15º Batalhão de Polícia Militar de Canoas, a partir desta sexta-feira, à exemplo do que foi feito na Capital, a BM do município vai começar deter presos em viaturas caso não haja vagas no xadrez da DPPA de Canoas. A orientação foi passada pelo titular da Delegacia de Polícia Regional que inclui a cidade, delegado Cristiano Alvarez.
Inclusive, segundo o major, um micro-ônibus da BM foi estacionado em frente à DPPA para abrigar presos em flagrantes em situações de lotação da carceragem da delegacia. Ainda segundo o oficial, a alimentação durante a custódia deverá ser providenciada pelas famílias dos detidos.
*Zero Hora
