Nem a câmera de vigilância localizada a poucos metros intimidou o grupo que matou o empresário Marcelo Oliveira Dias, 44 anos, por volta das 18h desta quinta-feira, no estacionamento do supermercado Zaffari em Porto Alegre. Dentro do Peugeot branco estava também a filha de Dias, de quatro anos, que, mesmo baleada no pescoço, se abraçou ao pai até ser socorrida por populares. A criança foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) da Capital, onde permanecia em estado regular até as 23h30min.
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Conforme o delegado João Cesar Nazário, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pelo menos três pessoas abordaram a vítima já dentro do veículo. Duas desceram de um Fiesta branco portando pistolas 9mm e dispararam de 12 a 15 vezes contra o carro. Oito balas teriam acertado Dias.
– Há características de execução. Os criminosos não se importaram em esconder o rosto, não se intimidaram com as câmeras e nem com o movimento – disse o delegado, ressaltando que o empresário, dono de uma academia, não tinha antecedentes criminais.
A polícia acredita que as câmeras de monitoramento do supermercado e do entorno do estabelecimento ajudarão a identificar os criminosos.
Havia grande fluxo de pessoas no estabelecimento localizado na Avenida Cavalhada no momento dos disparos. Conforme um funcionário, os clientes que estavam no pátio correram para o interior do prédio. Alguns funcionários subiram para o segundo andar na tentativa de se esconder.
– Eu estava no estacionamento e corri para dentro do mercado quando ouvi os tiros. Foram uns 20 disparos – lembra um funcionário.
– Fiquei em choque, estática. Não sabia para onde correr – conta uma pessoa que estava no estacionamento.
Dias era dono da academia Acquativa, na zona sul da Capital. Uma funcionária da academia contou à reportagem que ele esteve lá pela manhã. Depois, saiu para buscar a filha na escola. Ela disse também que o empresário não aparentava estar preocupado e que visitava o negócio todos os dias.
– Ele era tranquilo, bem tranquilo – resumiu.
O empresário tinha um sócio, também chamado Marcelo, com quem teria outra academia, na zona norte da cidade. Pouco depois que a funcionária recebeu a confirmação de que a vítima do crime era Dias, no fim da tarde, a academia foi fechada.
"Parecia uma pessoa superséria", diz frequentadora da academia
A jornalista Vanessa Pagliarini Gomes, 40 anos, cruzava frequentemente com Dias na academia. Por serem torcedores do Inter, quase sempre falavam sobre a situação da equipe e projeções para os próximos jogos.
– Conhecia ele pouco, mas parecia uma pessoa superséria. Era muito educado. Não entendo porque isso aconteceu. Os professores sempre falavam que era de bem com a vida.
Casado, Dias estava reformando a academia localizada na Avenida Juca Batista, na Zona Sul.
– A última vez que vi ele foi semana passada. Ele tinha ido em uma vidraçaria, se não me engano, para ver algumas coisas da reforma – lembra Vanessa.