Um dos principais assaltantes de carros-fortes do Rio Grande do Sul, que estava em prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, foi preso novamente. Jones Antônio Machado, 44 anos, o Jonas Dedão, foi preso pela Polícia Civil dentro do Foro de Novo Hamburgo. Ele estava no prédio para audiência de um dos processos criminais que responde. As informações são da Rádio Gaúcha.
Jonas Dedão saiu da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) em 20 de maio deste ano, quando teve a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar. Conforme o delegado Enizaldo Plentz, Jonas Dedão teve nova prisão preventiva decretada, desta vez por suspeita de participação em dois homicídios e um caso de tráfico de drogas.
– Estamos investigando ele por vários crimes. Ele tem ligação com outro criminoso aqui da região e sabemos que segue cometendo crimes – destaca o delegado.
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Em maio, a juíza Ângela Roberta Paps Dumerque colocou Jonas Dedão em prisão domiciliar, porque a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) não o levava para audiências. Na época, a magistrada afirmou que o Poder Judiciário local encontrava-se refém de uma situação estadual que não tinha sido modificada.
– Não importa se eu marcar audiência para uma semana, 15 dias, ou um mês. Não importa se for previamente ajustado com a Susepe, não importa se for oficiado à Secretaria de Segurança. Não tenho como garantir que a audiência vá se realizar em prazo algum.
O que diz a Susepe
A Susepe afirma que Jonas Dedão já apresentava os requisitos necessários para cumprir a prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Também que está atendendo o maior número de audiências possíveis, dentro de efetivo existente. A Susepe reconhece que não levou Jonas Dedão em duas audiências em abril passado, mas ainda verifica o motivo de não ter levado ele na audiência ocorrida em 19 de maio, que resultou na saída da cadeia.
O que diz a defesa
O advogado de Jonas Dedão, Marcus Vinícius Barrios, explica que trata-se de um novo decreto de prisão preventiva e que não tem relação com qualquer novo crime praticado por Jones. Diz que a Susepe comunicou uma parada de cerca de 30 minutos no trajeto do réu entre sua casa e a unidade prisional onde ele faria a manutenção da tornozeleira eletrônica.
"Ele parou 30 minutos para explicar o motivo dos aluguéis da sua casa estarem atrasados para o proprietário. Isso ocorreu 200 metros antes do local onde ele deveria se apresentar. Ele foi preso por estar conversando com uma pessoa que seria criminosa. Ele não desviou em momento algum da rota definida."
Para o advogado, a prisão não se enquadra com as proibições estabelecidas para o uso da tornozeleira. Faz questão de afirmar que seu cliente não cometeu qualquer tipo de crime durante o uso da tornozeleira. Explica que ele se apresentou espontaneamente no Foro de Novo Hamburgo.
"Ele não foi flagrado cometendo crime, não rompeu a tornozeleira eletrônica. Não é crime conversar com pessoas que têm antecedentes criminais".
O que diz a Justiça
A juíza Ângela Roberta Paps Dumerque também conversou com a Rádio Gaúcha. Sobre converter a prisão preventiva de Jonas Dedão em domiciliar em maio, afirma que não havia qualquer previsão de escolta do réu para audiências.
"O Estado não me traz o apenado. Uma decisão tem que ser justificada. Se tenho interpelação da defesa, eu tenho que fazer uma análise. O réu estava sendo mantido preso sem as condições adequadas e ferido, precisando de atendimento médico. E mais, o processo estava paralisado. O processo estava paralisado por ineficiência do Estado".
Conforme a magistrada, o processo estava indo para o último ato, que seria o interrogatório de Jonas Dedão, em 13 de outubro. Sobre sua decisão de revogar desta vez a prisão domiciliar, justifica.
"No dia 26 de setembro ele tinha autorização para ir até o presídio para fazer a manutenção da tornozeleira. Parou no caminho na casa de outro suspeito que também usa tornozeleira. Ele parou por 36 minutos nessa residência. Essa presença pessoal com outro indivíduo envolvido em crimes foi considerada violação da prisão domiciliar".
Histórico de crimes
Jones Antônio Machado havia sido preso em 2015, após ataque a uma agência bancária em Nova Hartz, no Vale do Paranhana. Na ação, ele acabou baleado pela polícia.
Jonas Dedão entrou na cadeia pela primeira vez em 1993 e foi condenado a penas que somam 35 anos por assaltos em Florianópolis (SC), Triunfo e Novo Hamburgo. Ele pertencia à quadrilha de Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio. Em janeiro de 2002, Jones escapou da Colônia Penal Agrícola, em Charqueadas, ficando foragido por mais de três anos.
Com nome falso, vivia em São Paulo, até se entregar à Polícia Civil gaúcha, em um shopping de Curitiba, em abril de 2005. Em novembro de 2009, ele foi para o semiaberto e, em setembro de 2011, ganhou liberdade condicional.
Voltou a ser preso em abril de 2014, por conta de uma condenação de cinco anos pela Justiça de Blumenau (SC). Jones foi solto dias depois, com direito de apelar em liberdade.
A Rádio Gaúcha aguarda uma posição da Susepe e da juíza da Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo para explicar os motivos de Jonas Dedão estar em prisão domiciliar.
*Rádio Gaúcha