Enquanto Porto Alegre vive uma crise na segurança, seis viaturas e cerca de 10 policiais militares amanheceram parados em frente ao Palácio da Polícia. Em vez de patrulhar ruas, às 7h, os PMs se revezam para custodiar foragidos, assaltantes e traficantes que, por falta de vagas em presídio e diante de superlotação nas celas das delegacias, passaram, pelo menos, a noite dentro de viaturas.
Um brigadiano que prefere não se identificar fazia a custódia de um foragido por roubo. O homem está desde as 13h de terça-feira no porta-malas da viatura. Quando o PM conversou com ZH, o criminoso custodiado estava há 18 horas sem comer.
– A gente compra água pra gente, com dinheiro do nosso bolso, e dá um pouco pra eles. Ele é vagabundo, mas também é um ser humano – disse o PM.
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A situação não é inusitada: começou há 10 dias na Capital. Na manhã desta quarta, pelo menos 19 presos estavam detidos em celas – mas na sexta-feira passada, o número chegou a 43. Embora tenha caído o total de presos, a situação vem piorando, segundo o delegados responsável pelas Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPAs), Marco Antônio Souza. As delegacias começaram a ser depredadas.
– As celas são reforçadas, mas eles (presos) estão resignados, porque não é o local adequado. Acabam forçando as estruturas, porque estão aqui há muitos dias. Ontem (terça-feira) encaminhei dois que estavam desde o dia 17 aqui, mas há outros desde pelo menos desde o dia 18 – afirma Souza.
Na última sexta-feira, o diretor do Departamento de Execução Penal da Susepe, Ângelo Carneiro, afirmou, em entrevista à imprensa, que a intenção era solucionar a superlotação das delegacias da Região Metropolitana até o fim daquele dia. Ele anunciou que iria tentar abrir até 60 vagas em presídios, buscado acelerar, na Justiça, a liberação de alvarás de soltura e progressões de regime de outros presos.
O delegado Souza diz que não tem controle das vagas liberadas, mas garante que a situação não foi normalizada conforme o prometido e que a situação pode piorar.