O Gaúcha Hoje, programa da Gaúcha Serra, realizou na manhã desta sexta-feira (3) entrevista com Augusto Cavalheiro Neto, delegado Regional da Polícia Civil na Serra, para avaliar atuação e projetar ações de segurança para 2025.
Confira trechos da entrevista:
Augusto Cavalheiro Neto: depois de um início complicado de 2024, em que nós tivemos principalmente em Caxias do Sul um aumento exponencial do número de homicídios, nós das forças de segurança, com um trabalho integrado, conseguimos reverter esse quadro. A gente fechou 2024 com resultados que são históricos de reduções em diversos índices de criminalidade, não apenas em Caxias do Sul, mas em todas as cidades da Serra. A única exceção que nós temos de aumento ainda sã os homicídios na cidade de Bento Gonçalves, que é um indicador que ainda nos desafia.
Mas, por exemplo, em Caxias do Sul, nós encerramos não apenas com redução nos principais indicadores de criminalidade, que é o homicídio, o feminicídio, o roubo a pedestre, o roubo de veículo e o roubo a estabelecimento comercial, ou seja, aqueles crimes com violência ou grave ameaça que trazem aquela sensação de intranquilidade, de insegurança pública para as pessoas, como nós conseguimos esse ano, em todos esses indicadores, a menor média dos últimos 14 anos. Só para que se tenha uma noção da redução: em Caxias do Sul, o crime de roubo a estabelecimento comercial, aquele crime praticado geralmente com arma de fogo ou com alguma faca, contra posto de gasolina, mini mercado, farmácia e que possivelmente, muitos deles acabavam virando latrocínios, com a morte da vítima. Em 2016, nós tivemos 642 roubos a estabelecimento comercial em Caxias do Sul, hoje trabalhamos numa faixa de 40 roubos de estabelecimento comercial, uma redução gigantesca, da mesma forma no roubo de veículo. Nós já tivemos 974 roubos de veículo por ano em Caxias. E hoje nós trabalhamos aí com uma faixa de 113, reduzindo do ano passado (2023) para esse (2024), de 197 para 113.
Da mesma forma em Farroupilha, nós tivemos redução nos índices e todas as reduções também atingimos a menor marca nos últimos 14 anos. Então a gente encerra assim o ano de 2024, realmente contente com os resultados obtidos. É o resultado do trabalho de muitas mãos, não apenas da Polícia Civil, mas um trabalho integrado de todas as forças de segurança que envolve policiamento preventivo, investigação criminal, que é a nossa parte, a gestão dos presídios, enfim, tem uma série de entidades e profissionais aí que estão envolvidos nesse esforço de trazer mais segurança pública para a população da Serra.
Gaúcha Serra: Para 2025, quais as ações que vão permanecer por parte da Polícia Civil? E também queria que o senhor destacasse quais são os casos mais difíceis de serem investigados. A gente sabe que questão de desaparecimento também tem uma dificuldade grande de investigação.
Augusto Cavalheiro Neto: na verdade, a ideia para 2025 é que a gente dê prosseguimento no trabalho da forma como nós estamos realizando. Como a gente fala, time que tá ganhando não se mexe. Isso não quer dizer que a gente não tenha que evoluir em alguns aspectos. E eu trago novamente a questão do indicador do homicídio na cidade de Bento Gonçalves, que ainda nos desafia porque nós tivemos um aumento, foi o único indicador da Serra que aumentou, na contramão de todos os demais.
Com relação ao crime de desaparecimento, ele é um crime bastante corriqueiro, mas a grande maioria dos desaparecidos acaba sendo localizada, ou que se transformam numa situação de evolução para a localização do corpo da vítima numa situação de óbito, como recentemente aconteceu o caso da professora que foi encontrada lá na região de Campestre da Serra. Mas ele é um crime que nos impõe alguma dificuldade porque geralmente é uma ação que conta com a intenção da própria vítima, a vítima que desaparece geralmente ela deseja desaparecer. Então isso nos impõe uma dificuldade a mais. Mas geralmente a gente acaba localizando mais cedo ou mais tarde essas pessoas.
Gaúcha Serra: o senhor mencionou as ações que contribuíram para esse bom resultado de 2024, essa integração das forças de segurança e tudo mais. Uma outra característica que a gente teve, mais especificamente aqui em Caxias do Sul, foi um funcionamento mais efetivo do sistema de cercamento eletrônico, o CIOP, que foi implantado ali no fim de 2023, mas funcionou plenamente, digamos assim, ao longo de 2024. Outras cidades daqui da região já tinham o cercamento eletrônico. O quanto que isso foi fundamental para para esses números, para a redução desses números? E quanto a tecnologia ainda está ao alcance, que ainda não foi adotada por aqui, e está ao alcance para melhorar ainda mais esses números?
Augusto Cavalheiro Neto: esse investimento que os municípios fazem no cercamento eletrônico e na instalação de câmeras de vídeo monitoramento tem impacto direto na redução dos índices dos crimes patrimoniais, especialmente nos crimes de roubo de veículo, furto de veículo, roubo a pedestre especialmente.
Em Bento Gonçalves e Farroupilha já havia esse sistema implementado. Caxias do Sul implementou no ano passado e as reduções que nós experimentamos em todos esses indicadores passa também por essa ferramenta que está a nossa disposição, é uma situação que realmente facilita bastante tanto na produção da prova e na investigação quanto também na atuação imediata da Brigada Militar. Nós temos policiais civis, policiais militares, então quando acontece um evento, essa informação é disparada imediatamente para as viaturas que estão na rua e tem todo um sistema de software que facilita bastante na localização desse veículo e na prisão imediata do autor desse fato.