Uma das mesas na sala de aula do segundo ano amanheceu vazia nesta sexta-feira. Alunos e professores de uma escola de Ensino Fundamental, na zona sul de Porto Alegre, sentiram falta do menino de nove anos que foi vítima de bala perdida, no início da noite de quinta-feira, no bairro Cascata. A criança, que foi atingida com um tiro nas costas, continua internada em estado grave na UTI pediátrica do Hospital de Pronto-socorro.
Quando chegou na escola para trabalhar, a diretora levou um susto ao descobrir quem era o menino ferido na noite anterior. Ela o descreveu como um aluno educado e participativo.
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– É uma criança que nunca tive problema. Ele é tranquilo, muito querido e brincalhão. A gente percebe que a avó cuida muito bem dele – destacou.
O único problema identificado pela diretora é a frequente mudança de escola. O aluno retornou para a unidade onde ela trabalha há pouco tempo.
– A professora ainda comentou que ontem ele participou bastante da aula. Está todo mundo triste com o que aconteceu.
Embora não tenha percebido situação de risco no caso do menino, a diretora reconhece que os alunos da unidade vivem em um contexto de vulnerabilidade social. Por isso, a escola costuma trabalhar assuntos relacionados à violência em sala de aula.
O delegado que investiga o caso, Rodrigo Pohlmann, concorda com a diretora no que diz respeito aos riscos aos quais as crianças são expostas em regiões onde há circulação de tráfico de drogas, armamento e incidência de crimes violentos.
– Embora (a violência) não seja permanente, pois existem picos de guerras entre quadrilhas, todas as crianças que vivem em área conflagrada sofrem sérios riscos – avaliou o delegado.
Investigação
O garoto havia saído de casa para comprar um refrigerante num mercadinho próximo. Como demorou para retornar, a avó pediu para um conhecido ir buscá-lo. Quando o rapaz e a criança estavam retornando para casa, avistaram os atiradores e correram.
Um dos disparos atingiu o menino pelas costas. Os outros tiros acertaram o adulto na perna e de raspão na cabeça. Ainda que estivesse baleado, o rapaz conseguiu levar a criança até o hospital, mas não permaneceu no pronto-socorro para receber atendimento.
Uma das hipóteses é de os disparos tenham sido direcionados ao rapaz que acompanhava a criança. A polícia já tem suspeitos para o crime.