Como gasolina ateada ao fogo, a declaração do governador José Ivo Sartori foi considerada um estímulo aos servidores da segurança pública para manterem a paralisação programada para esta quinta-feira em todo o Rio Grande do Sul. Em vídeo divulgado nesta quarta, Sartori diz que irá "responsabilizar quem desrespeitar normas civis e militares", em um claro recado aos servidores estaduais.
– Em vez de intimidar, ele trouxe mais revolta. Se alguém tem que ser punido por desrespeitar leis, esse alguém é ele próprio – comentou Leonel Lucas, presidente da Abamf, associação dos servidores de nível médio da Brigada Militar (BM).
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A fala do governador também foi criticada pelo presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), Isaac Delivan Lopes Ortiz, que garantiu uma manifestação ordeira:
– Nunca ouvi falar que a polícia realizasse algum ato que desabonasse a sua conduta. Sobre a declaração, recebemos como uma piada. Não temos medo dessas ameaças. Ele é quem desrespeita a Constituição ao não pagar em dia os salários. Se ele não cumpre as leis, que moral tem para pedir que seus subordinados cumpram? – questionou Ortiz.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do RS (Sinpol), Emerson Ayres, não haverá motivo para punição, visto que a categoria não descumprirá nenhuma norma.
– Vamos procurar respeitar principalmente a sociedade gaúcha, que são os únicos que merecem nossa consideração – destacou Ayres.
Segundo a legislação, as corporações são obrigadas a manter 30% do efetivo trabalhando e a atender os casos de urgência, emergência e inadiáveis. O não cumprimento pode incorrer em sanções administrativas e criminais a serem avaliadas caso a caso.