Para quitar dívidas contraídas na Paraíba, pelo menos 23 nordestinos eram mantidos em regime de escravidão no Rio Grande do Sul, trabalhando por comida e água. Obrigados a vender mercadorias como redes, cintos e carteiras em Lajeado e cidades vizinhas no Vale do Taquari, eram aprisionados e espancados quando não atingiam as metas estipuladas pelos "empregadores", dois irmãos paraibanos de 42 e 44 anos. A dupla foi presa em flagrante na quarta-feira e encaminhada ao Presídio Estadual de Lajeado.
– No caminhão, junto com as mercadorias, ficava uma cela onde eles eram trancafiados como castigo. Eles e os familiares sofriam, ainda, ameças de morte caso contassem o que estava acontecendo – detalhou o chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Lajeado, Ronaldo Brito.
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Conforme a apuração, as vítimas pegaram, ainda no Estado nordestino, dinheiro emprestado com os irmãos. Como não teriam conseguido pagar, receberam uma proposta de emprego no RS. Em solo gaúcho, foram escravizados, obrigados a dormir em prédios abandonados e no próprio caminhão sobre sacos plásticos e pedaços de pano. Segundo Brito, há indícios de execuções de familiares dos trabalhadores.
– Assim que começamos a levantar os dados, ficamos muito preocupados, pois a situação era gravíssima. Conduzir pessoas para a escravidão é um dos piores crimes que podemos nos deparar – acrescentou.
A abordagem da PRF, em parceria com a Brigada Militar, Polícia Civil e Ministério do Trabalho e Emprego, ocorreu quarta-feira à noite, no km 341 da BR-386, em um posto de combustíveis abandonado. Eles utilizavam esse e outros locais para descanso. As 23 vítimas foram encaminhadas para assistência social e as mercadorias e o veículo entregues à Polícia Civil. O nome das vítimas e dos presos não foram divulgados.