A terça-feira foi marcada pelos avanços nas investigações da morte da médica Graziela Müller Lerias, 32 anos, vítima de um latrocínio na noite de domingo na zona norte de Porto Alegre, e por homenagens à oftalmologista. Na segunda-feira à noite, a Polícia Civil encontrou o veículo de Graziela, um Citröen C4, carbonizado na Avenida Edgar Pires de Castro. Minutos depois, foram localizados os documentos dela em uma caixa de correio da Avenida Otto Niemeyer, também na Zona Sul.
De acordo com a polícia, foi possível identificar o carro pelas placas – não danificadas pelas chamas. A polícia ainda segue procurando os criminosos.
Por volta das 16h desta terça-feira, cerca de 100 pessoas, conforme a EPTC, reuniram-se em frente ao Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul, na Avenida Independência, no Centro, em uma manifestação que, segundo os organizadores, pretendia homenagear a jovem e buscar justiça pela morte dela. Colegas, amigos e familiares usavam camisas brancas e seguravam balões da mesma cor, que foram soltos nos primeiros minutos do ato. Apenas a pista do corredor de ônibus da avenida foi bloqueada durante o protesto.
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Marco Antônio Mesquita Lerias, 60 anos, tio e padrinho de Graziela, era um dos representantes dos pais da vítima, que não conseguiram ir ao ato. Ele disse que apoia a ação, pois é um protesto idealizado por profissionais "que sentem na pele a insegurança que vive o Estado".
– Enxergamos nesse ato uma forma de reconhecer o trabalho e a trajetória de Graziela. A família está muito arrasada, tentando conseguir forças para suportar essa perda – lamentou.
Lerias também afirmou que é duro encarar a perda de uma pessoa "tão querida na família".
– Era jovem, que fez todo um investimento na carreira. A família toda se espelhava nessa menina de 32 anos. É difícil aceitarmos que não temos mais ela. É uma dor muito grande – disse, emocionado.
Após cerca de uma hora, os manifestantes se dirigiram ao Palácio do Piratini para pedir mais segurança. "Paz, paz, paz, Porto Alegre pede paz" era o grito durante o trajeto.
Ao chegarem em frente à sede do governo estadual, gritavam "Sartori, cadê você. Vim aqui e quero viver".
O chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, aceitou conversar com integrantes da manifestação, entre eles o tio de Graziela e o noivo dela. O encontro no gabinete durou cerca de uma hora.
– Nos apresentaram as propostas do governo para enfrentar a violência no Estado e pareciam dispostos a tentar nos ajudar – afirmou a médica Ticiana Granzotto, 35 anos, colega de Graziela no Hospital Banco de Olhos e uma das organizadoras do evento.
Segundo Ticiana, a ideia da manifestação surgiu dos colegas de Graziela no hospital. Eles organizaram o encontro através das redes sociais.
– Não achamos normal chegar para trabalhar e darmos de cara com a notícia de uma colega assassinada. Não é normal virarmos estatísticas. Queremos mudar isso – explicou.
A assessoria de comunicação da Casa Civil informou que a conversa entre o secretário e os manifestantes foi produtiva. De acordo com o órgão, foram explicadas as medidas tomadas pelo governo em relação à segurança. O chefe de Polícia, delegado Emerson Wendt, também participou da reunião. De acordo com a Casa Civil, o policial explicou os avanços na investigação do caso para os familiares.
Perto do fim do ato em homenagem à Graziela, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) saía da Assembleia Legislativa e tentou conversar com os manifestantes, mas não foi bem recebida. Ela foi embora após tentativas fracassadas de conversa e insultos e gritos de "fora" e "cúmplice".
A reportagem de Zero Hora tentou contato com a deputada, ligando cinco vezes para sua assessoria, mas não obteve retorno. Em sua conta do Twitter, Maria do Rosário pediu um pacto pela paz:
Para construir a não violência, precisamos 2coisas: 1º façamos um pacto pela paz mais profunda, aquela q exige nossas atitudes ñ agressivas.
*Zero Hora