O motorista do Uber que foi levado ao hospital com um corte nas costas, após ter sido ferido em uma confusão generalizada no aeroporto Salgado Filho, na manhã desta quarta-feira, diz que as agressões partiram de taxistas. Enquanto recebia atendimento no Hospital Cristo Redentor, Cristiano Telles Lemos, 27 anos, diz nem ter percebido quando foi ferido, mas que um de seus colegas teria visto um dos taxistas supostamente com uma faca em mãos. Abaixo, leia entrevista com o motorista do Uber.
A Polícia Civil investiga o caso, que envolveu, no total, três taxistas e três motoristas do Uber. Imagens de monitoramento devem esclarecer como o tumulto começou.
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ENTREVISTA
O que vocês estavam fazendo no aeroporto?
Eu e mais dois colegas estávamos sentados num banco, tomando café, na área de embarque. Quando vi, um dos colegas se afastou para ver o carro dele, que estava estacionado. Ele é um homem mais velho, com cerca de 60 anos. Neste momento, dois taxistas começaram a intimidar ele, falar alto, empurrar.
Mas vocês estavam esperando clientes?
Sim. Estávamos esperando passageiros. Estávamos esperando chegar o próximo voo para pegar passageiros.
Depois da abordagem dos taxistas ao seu colega, o que aconteceu?
Nós tentamos acalmar, mas começou uma briga. Os taxistas começaram a nos xingar. Nos chamaram de vagabundo, de chinelo e de tudo que tu podes imaginar. E aí começaram a nos agredir. A gente tentou reagir. Eu me afastei e veio mais um, não sei de onde. Foram três homens nos dando chutes, pontapés, mas eu nem reparei que estava ferido. Só estava tentando defender nosso colega.
Quando você viu que foi ferido?
Eu nem reparei que estava ferido até chegar no meu carro. Outro colega me viu sangrando e me avisou. Quando entrei no carro, daí sim comecei a sentir dor. O outro disse que viu um os taxistas com uma faca, mas não sei dizer se foi isso que me cortou. Sei que , já no carro, sentir dor e vi o sangramento.
Como terminou a briga e o que fizeram a seguir?
A gente se afastou e foi direto na polícia do aeroporto para dar queixa. Foi aí que me mandaram para o hospital.
Como está o ferimento? Chegou a levar pontos?
Está bem dolorido, e sim, levei uns dois pontos. Ficou um hematoma grande, com sangramento. Tiveram que me dar anestesia local. Fiz também um raio x, mas não apontou nada. De qualquer forma, tive que ficar algumas horas no hospital para resolver tudo.
Qual a sensação que fica após uma briga como essa?
Com certeza é uma sensação horrível. Foram bater em um colega nosso por trás, um colega com mais idade. Eu e outro tentamos afastar o pessoal, apartar e acalmar os ânimos. Mas foi uma briga feia. Fico triste e preocupado.
Há quanto tempo você trabalha com o Uber? Já havia sofrido algum tipo de hostilidade?
Sou motorista do Uber há três meses, nunca tinha tido nenhuma bronca, nada. Já havia ouvido relatos de colegas meus, principalmente durante a audiência que ocorreu na semana passada. Mas comigo esta foi a primeira vez.
Você vai continuar sendo motorista do Uber depois de tudo isso?
Agora terei que ficar alguns dias parado, pois está me doendo muito o braço. Eu ficarei uns cinco dias parado pelo menos, já que não consigo nem dirigir. Depois disso, vamos ver, não sei. Vamos ver mais pra frente como ficará o processo...
Está com medo de voltar ao trabalho?
Tenho um pouco de medo sim. O cara estava armado, imagina só. Do jeito que estão as coisas, se a prefeitura não regulamentar, vai ficar difícil de trabalhar. Não é só pela questão da nossa segurança, mas também a dos carros. Nunca se sabe se um de nossos carros será quebrado ou apedrejado.