Ainda à procura de imagens de câmera de monitoramento e de testemunhas, a Polícia Civil tenta identificar os dois jovens suspeitos de terem assassinado um adolescente de 17 anos durante uma tentativa de assalto na tarde de segunda-feira, no bairro no Humaitá, em Porto Alegre. Por enquanto, os investigadores contam apenas com os relatos do casal de amigos que estava com Rodrigo Maciel Gonçalves quando ele foi morto com um tiro no tórax. A suspeita é de latrocínio (matar para roubar).
Em depoimento à polícia, as duas vítimas, que também são vizinhos de Rodrigo, contaram que chegaram ao Parque Mascarenhas de Moraes, localizado em frente aos seus condomínios, por volta das 16h. Depois de passar cerca de uma hora e meia por lá, como tradicionalmente faziam, foram até uma padaria, do outro lado da praça, para comprar pão de queijo.
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No retorno, numa das trilhas que atravessam o Mascarenhas de Moraes, foram abordados por dois jovens – estavam a cerca de 50 metros de casa. Um deles, de pele escura, moletom azul, bermuda e chinelo, teria dito "Passa tudo". Enquanto o outro suspeito, de pele branca e usando uma bicicleta, ameaçou dizendo "Não me olha" e, em seguida, atirou na direção do estudante.
– Eles (amigos de Rodrigo) não sabem dizer a ordem das falas dos bandidos, tanto pelo abalo do momento, quanto pela rapidez do fato e por já estar escurecendo – afirma o comissário Lindomar Souza, chefe de investigação da 4ª Delegacia de Polícia da Capital.
Os criminosos, ambos vestindo boné e capuz, fugiram para lados distintos, enquanto o casal de amigos tentou socorrer Rodrigo.
Segundo Souza, as vítimas serão ouvidas novamente para esclarecer as características dos assaltantes e ajudar na identificação. Ainda não há suspeitos, mas as testemunhas disseram já ter visto pessoas semelhantes nos arredores do parque.
Por volta das 11h desta terça-feira, a agente de viagens Alice Tavares, 29 anos, aguardava em uma das paradas de ônibus localizadas junto ao Parque Mascarenhas de Moraes. À espera do coletivo que a levaria para o velório de Rodrigo, Alice, que é amiga de uma das irmãs do adolescente, contou que não se sente insegura na região, onde também mora.
– Tenho tranquilidade para andar por aqui. É uma área cheia de condomínios, com muitos moradores e pessoas que vêm caminhar e se exercitar – afirma a agente. – Mas, depois disso, que aconteceu com uma família tão querida, não tem como não ficar receosa.
Já um aposentado de 77 anos, que prefere não se identificar, tem outra visão do bairro. Com medo de ser alvo dos frequentes assaltos na área, sai de casa só com a chave do portão.
– Cansei de ver gente correndo, gente assaltada. Tenho medo e por isso não carrego nada comigo – afirma ele.