A Polícia Civil indiciou 12 pessoas por envolvimento no esquema conhecido como máfia das próteses, que consistia na realização de cirurgias superfaturadas com ordem judicial. A ação envolvia médicos, distribuidores de próteses e advogados. Os suspeitos, conforme reportagem do RBS Notícias, responderão por estelionato e associação criminosa. Entre os 12 indiciados, estão o ortopedista Fernando Sanchis e a advogada Niele Campos Severo.
A investigação apurou que o crime forçava o Instituto de Previdência do Estado (IPE) a custear cirurgias superfaturadas, feitas mediante autorização judicial, após recomendação médica. O prejuízo ao IPE alcança a soma de R$ 1,3 milhão. O esquema foi revelado em janeiro do ano passado pelo Fantástico.
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No esquema, os pacientes recebiam orientação para procurar um determinado escritório, que seria chefiado por Niele. A função da advogada era ingressar com ações na Justiça para conseguir obter o material. À reportagem, o delegado Daniel Medelski afirmou que, nas ações, eram fornecidos diversos orçamentos de materiais de próteses e materiais especiais, que estariam acima dos valores normais da pratica de mercado.
Ao obter na Justiça as liminares que autorizavam os procedimentos cirúrgicos custeados pelo IPE, ocorria o rateio do lucro do superfaturamento entre os envolvidos no esquema. Um exemplo dado na reportagem é de uma operação de coluna avaliada por peritos em cerca de R$ 7 mil, que custou R$ 160 mil ao IPE. O órgão estadual busca a devolução do dinheiro, mas esbarra no bloqueio de bens de um dos indiciados.
– Ele está com os bens bloqueados pela Justiça e eles seriam suficientes para reparar o dano que a gente acredita que o Estado e o IPE sofreram, então temos um pouco de tranquilidade – disse ao RBS Notícias o procurador-geral do Estado, Lourenço Floriani Orlandini.
Diretores de três empresas distribuidoras de próteses – Prohosp, Improtec e a Intelimed – também foram indiciados por fornecer orçamentos e próteses superfaturados.
À reportagem, o advogado de Sanchis disse que ele já prestou esclarecimentos à polícia. Já os defensores das empresas Improtec, Prohosp e Intelimed afirmaram que ainda não foram comunicados oficialmente sobre o indiciamento e negam envolvimento na fraude. Já a advogada Nieli Campos Severo foi contatada mas não retornou as ligações.